quinta-feira, 26 de junho de 2014

26 DE JUNHO - LUISITO DÁ ADEUS À COPA

Luisito, Luisito... És craque. Mas desequilibrado. Reincidente. Que tonteria. A mordida saiu cara, meu caro. Nove jogos de suspensão em torneios disputados pela Celeste. Adiós, Copa. Quatro meses sem poder atuar pelo Liverpool (ou pelo Barcelona, pelo Real Madrid. Qualquer time). Multa de cem mil francos (cerca de 250 mil reais). A Copa perde muito com tua ausência. Muito mesmo. Lamento. Futebol não é parque de diversões, brincadeira de roda. Verdade. Mas também não é vale tudo. Não pode dar cotovelada. Não pode quebrar o adversário. Não pode esmurrar. Não vale cusparada. Não pode morder. Simples assim. As imagens são cabais. Correram o mundo. Você agrediu o italiano. Não adianta negar. Sem essa de alegar que foi o ombro do Chiellini que procurou seus dentes. Fica feio. Já deu. Mereces punição. Aceites. Esse é o ponto. Não podia passar em brancas nuvens. A encrenca é que a tal da dona FIFA aproveitou para jogar para a galera e quis ser exemplar. Como se tivesse moral para ser exemplo para qualquer coisa. Sim, ao arrancar a tua credencial, o que te impede de permanecer com a delegação uruguaia, a toda-poderosa pesou a mão. Foi autoritária. Decisão padrão FIFA. Estúpida. Com pitadas de jurisprudência de Joaquim Barbosa. Vão recolher também as credenciais dos dirigentes da entidade envolvidos em casos de corrupção? Remédio em dose cavalar vira veneno. Esdrúxula cretinice. Qualquer tirania deve ser repudiada. Banimento? Escolta policial? Não. Absurdos. Vamos lá, camarada Mujica, confio em sua sensatez. Faça uma gentileza: avisa lá para o pessoal da Celeste que essa ladainha do “todos nos odeiam e estão contra a gente” é tosca. Bobice. Vitimização que não cola. Devem ter ouvido os últimos discursos do ex-presidente Lula. Fato é que os brios dos nossos vizinhos estão mexidos. Cutucaram a onça. Estejam todos certos e preparados – a raça uruguaia não será só fantasma no Maracanã, no próximo sábado. Um por todos, todos por Luisito. Mosqueteiros latinos. Vão comer ainda mais grama contra a Colômbia. Por falar no país do genial García Márquez, onde estavam os olheiros e gerentes de futebol remunerados dos clubes brasileiros, incapazes de rastrear e trazer para cá o talentoso James Rodríguez, antes que ele batesse asas para a Europa? Crônica anunciada da perda de craques. O futebol nos tempos do negócio. Relato de vários náufragos. Notícias de alguns sequestros. De nossos boleiros. Cem anos de exportação. O habilidoso camisa 10 colombiano, bola refinadíssima, de encher os olhos, jogou nas categorias de base da seleção, no Envigado (clube local) e no Banfield, da Argentina, até zarpar para o Porto. E desembarcar no Monaco, da França. Ninguém prestou atenção nele. Santos, São Paulo, Corinthians, Palmeiras, Flamengo, Cruzeiro, Inter... Ninguém. Gênios da lâmpada! Shazam! Adoramos repatriar jogadores em fim de carreira, salários exorbitantes. Porque têm experiência europeia. Ignoramos solenemente as promessas de nosso continente. Síndrome dos colonizados. Espelho do próspero. Viramos ainda as costas para os bons jogadores que despontam nos diferentes países africanos. E são muitos. Celeiros de bons boleiros. O mesmo raciocínio vale para os técnicos. Desde que o Santos demitiu Muricy Ramalho, defendo a contratação de um treinador estrangeiro. Que tal um Marcelo Bielsa, um Jorge Sampaoli, um Jose Pekerman? Sensacional. Para chacoalhar os poxetos arcaicos dos nossos supervalorizados pofexores. Chega dessa balela de que aqui estão os melhores. Besta reserva de mercado. Amadorismo. Nacionalismo juvenil. Corporativismo medieval. Aplausos para a diretoria do Palmeiras, que ousou romper com essa lenga-lenga. Torço muito para que o trabalho de Ricardo Gareca dê muito certo. Sucesso, querido! Na rodada de hoje, Tio Sam e Alemanha poderiam ter feito jogo de compadres. O primeiro tempo até deixou cheirinho de acordo de cavalheiros. Quase fedeu. O segundo dissipou a nuvem. Boa peleja. Klose em campo. Torci pelo décimo sexto gol em Copas do alemão. Ainda não veio. Vai sair. A sua hora vai chegar, Ronaldo Oportunista. Aguarde. Outro Ronaldo, o Cristiano, não perdeu o lugar de melhor do mundo. Mas voltou mais cedo para Portugal. Vá lá, a despedida foi digna. Vitória sobre Gana, 2 x 1, com um gol do gajo. CR7 está visivelmente baleado. Sem joelho. Atuou no sacrifício. Os companheiros de seleção não ajudam. Bem limitados. Mas essa era a Copa dele. 2018? Sei não. A idade chega para todos. Pesa. Amigo rádio de guerra mais uma vez requisitado, a caminho da universidade. Por fração de segundo, veio a sensação de que ouviria a Internacional Socialista. Bem unidos façamos. Nesta luta final. Uma terra sem amos. A Internacional. Mas o Muro já caiu. E o hino da Rússia, justiça seja feita, é belíssimo também. Parei no posto só para abastecer o carro. Dei de cara com uma televisão enorme, imagem de alta definição, transmitindo a partida. Pedi para verificar o óleo. A água. Calibrar pneus. Limpar os vidros. Puxei papo mole com o frentista. Consegui ver os dez minutos finais do primeiro tempo. Voei para a Arena Sala dos Professores. Segundo tempo. Os boleiros organizadores do próximo Mundial jogaram um futebolzinho bem meia-boca. Foram eliminados, com toda a justiça, pelos bravos argelinos, liderados pelo também habilidoso Feghouli, do Valência da Espanha. Em tempos de Stálin, os camaradas seriam imediatamente enviados para a Sibéria, ao pousar de volta em Moscou. Festa nas ruas de Argel. Mais uma seleção africana classificada para as oitavas. Por aqui, governos de colorações partidárias distintas, tucanos e petistas, insistem em criminalizar movimentos sociais. Prisões arbitrárias. Padrão FIFA. “Não é mais momento de protestar. Durante o torneio, as pessoas querem ver as partidas. É natural”. A fala não é minha. É da candidata do PSOL à presidência da República, Luciana Genro. Esquerdas girando em falso. Feito baratas tontas. Dando cabeçadas. Sem discurso. Sem projeto. Perdidinhas da silva. Partidos imaginando que ainda possuem o monopólio da representação das insatisfações populares. Enquanto isso, a conservadora revista britânica The Economist anuncia que a Copa é um sucesso. Apita o árbitro. Ergue o braço. Fim do período de provas. Férias à vista. Está encerrada a fase de grupos do Mundial. As oitavas começam no sábado. Brasil x Chile. Colômbia x Uruguai. França x Nigéria. Alemanha x Argélia (revanche da marmelada de 1982, para depois derrubar a ex-metrópole?). Holanda x México. Costa Rica x Grécia. Argentina x Suíça. Bélgica x Estados Unidos. Sete latinos. Pulsam as veias abertas da América Latina. Dois africanos. Mama África. Seis europeus. Os colonizadores. E o Tio Sam. O Império. Vamos continuar aproveitando. Faltam só 16 jogos. 

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