domingo, 15 de junho de 2014

15 DE JUNHO - QUANTO ESTÁ O JOGO DA FRANÇA?

Domingo dedicado a treinos regenerativos. Descanso merecido. Estava quebrado. Passei a manhã na cama, na frente da TV. Conversinhas de futebol. Treino do Brasil. Hulk machucou. Preocupa, dizem os repórteres. Na entrevista coletiva, o atacante diz que foi só susto. Precaução. Garante que joga contra o México. Vai ver que os comentaristas esportivos estão inspirados pela temporada de festas juninas. Olha a cobra! É mentira! Olha a chuva! Já passou! Estou mais vermelho que um pimentão. Paulista branquelo que acha que consegue encarar o sol do Nordeste. Toma, papudo. Ainda bem que não está ardendo. Por falar em calor, italianos e ingleses se arrastavam em campo ao final do segundo tempo ontem, em Manaus. Esgotados. Faz parte. Paciência. O Brasil também já precisou atuar debaixo do sol do meio-dia em Dallas, na Copa dos Estados Unidos, em 1994. Padrão tio Sam. Lá, como cá. O taxista que me leva ao aeroporto sonha com uma final contra a Argentina. Grandioso. Desde que o Brasil ganhe. Check-in em três minutos. Isso mesmo, três. Assim não dá, presidenta. Está errado. O que vão dizer dessa Copa depois? Cadê o caos aéreo anunciado, cantado em verso e prosa? Tome providências, por favor. Com urgência. Mar de sombreiros e camisas verdes. Mexicanos chegando empolgados. Camisas celestes quase desbotadas. Uruguaios partindo cabisbaixos. Preocupados com o fantasma. Não o de 1950. O de uma possível volta antecipada para casa. Jogam no Itaquerão na quinta contra a Inglaterra. Quem perder... Estarei lá. Estou deixando Fortaleza. Valeu! A Seleção Brasileira está chegando. Cocei a cabeça. Se arrumar ingresso para a partida do Brasil no Castelão, estico a reserva no hotel. Fico até terça. Vontade não falta. Mas não dá. Semana de vista de provas na universidade. O dever chama. A loja oficial da FIFA no aeroporto é impraticável. Assalto. O produto mais barato que vi por lá custa 49 reais. Um chaveiro que é réplica da taça. Minúsculo. 49 reais. Quem pode? Por falar em exclusão, vi poucos negros no Castelão. Pouquíssimos. Salva de palmas para a democracia racial brasileira, maximizada pelos preços populares dos ingressos cobrados pela dona FIFA. Vi Suíça x Equador almoçando. Primeiro tempo truncado. Segundo tempo melhor, mas sem grandes emoções. A temperatura ferveu no finalzinho. Eletrizante. Times atirados. Atacando. O jogador do Equador perdeu gol feito. No contra-ataque, último minuto, virada da Suíça. Ouvi uns gritos de comemoração no aeroporto. Passadinha rápida na livraria, para ver as manchetes dos jornais. Dois dias sem ler as edições impressas. Síndrome de abstinência. Dessa vez, não me pararam por carregar canivetes escondidos. Que bom. Talvez eu não tenha então cara de terrorista. O avião decolou na horinha marcada. Cravado. Pode isso, Dilma? Fica difícil assim. Imagina na Olimpíada! A moçoila da poltrona da frente usava tranquilamente o celular. Apesar dos insistentes e categórico "a partir de agora, todos os aparelhos eletrônicos devem ser desligados". Muito civilizada. O avião deu umas chacoalhadas esquisitas na primeira hora de viagem - 2345 quilômetros separam Fortaleza de São Paulo. Dica que sempre me deram - olhar para a comissária de bordo. Foi o que fiz. Ela continuava andando, preparando o lanche. Tudo bem. Me acalmei. Tenho medo de avião. Não levanto para ir ao banheiro. Não durmo. Leio um tanto de "O professor", do Cristovão Tezza. Vai escrever bem assim lá no "Filho eterno". Livraço. Livraços. A televisãozinha de bordo mostrava gols de Copas passadas. A máquina laranja da Holanda em 1974. A Copa da ditadura na Argentina. O futebol arte do escrete do Telê em 1982. La mano de dios em 1986. A França de Platini. Bacana. Divertido passa tempo. Caraca, mas eu estava mesmo era querendo saber quanto estava o jogo da França contra Honduras, em Porto Alegre. Que angústia. Não poder ver ao vivo um jogo da Copa. Goleada? Outra zebra? Eryx Pereira, que estava no Beira Rio, prometeu gravar A Marselhesa. Allons enfants de la Patrie. O hino mais bonito do mundo. Fiquei sabendo depois que não tocaram os hinos. Deu pau. Problema técnico. Já vi a cena. Fiasco. Os times perfilados. Nada. Que feio, Blatter. Que padrão FIFA é esse? Lembram quando, na Copa do México, tocaram o Hino da Independência? Doutor Sócrates ficou fulo. O avião pousou também no horário certinho. É. Estou achando que monsieur Blatter não vai mais querer fazer Copa no Brasil. Nunca mais. Minha agonia terminou assim que pude religar o celular. Mais de 40 mensagens num grupo do uatzap praticamente narravam a partida da França inteirinha. Várias vozes, a mesma peleja. Saboroso. Vivas ao mundo virtual! 3 x 0 França. Com direito a uso de tecnologia num deles. Vou ver o VT em casa. Todinho. Deve passar na madrugada. Projeto assistir na íntegra a todos os 64 jogos da Copa. Vai dar. Pego de relance o primeiro gol - contra - da Argentina no saguão de desembarque. Táxi em menos de cinco minutos. O senhor pode por favor ligar o rádio? Para ouvir a Argentina. O motorista não pestaneja. Fico imaginando os lances. Partida morna, sem emoção. Chego em casa a tempo de ver o segundo tempo. Antes, muitos abraços apertados e beijos carinhosos da Elisa Marconi, da Luiza e do Daniel. Não há lugar como o lar. Sentamos para ver juntos o segundo tempo. Apelidamos nosso sofá de Arena Estávamos Todos Com Saudades. Padrão mais que FIFA. Jogo continua sem graça. Mas o Maraca estava bonito, pintado de azul e branco. Foi quando apareceu o craque. Para fazer valer o ingresso. Messi. E um pequeno pollo - certo, Lisandra de Moura? - do goleiro hermano no final. O resultado ajudou a manter a espetacular média de 3,3 gols por jogo até aqui na Copa no Brasil (37 tentos em 11 partidas). Maravilha. Um brinde ao futebol. Imagine na Olimpíada! Minha coluna dói. Três hérnias de disco. Minha alma sorri. Feliz. Final de semana especial. Inesquecível. Trinta graus em Fortaleza. Dezoito graus em São Paulo. Já separei o cobertor. Vou cair na cama. Mereço. Amanhã tem jogão. Alemanha x Portugal. Conversamos. Ótima semana para todos.

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