domingo, 22 de junho de 2014

21 DE JUNHO. LIONEL MESSI. EU VI

Tem um esporte chamado futebol. E tem um futebol que só o argentino Lionel Messi joga. Depois de 91 minutos de jogo e de sofrimento hermano, o craque achou por bem que estava na hora de ligar a chavinha. Decidiu. Golaço. Saímos de casa cedinho. Pai, a viagem demora muito? Estou nervoso. Daniel, meu fiel escudeiro. É a estreia dele nos estádios da Copa. No aeroporto, a diversão do moleque era fazer o inventário das camisas de seleções. Achou até uma do Peru. Lamento se sou repetitivo, mas, imaginem na Copa, foi de novo tudo padrão FIFA. Embarque, decolagem, chegada, táxi. No avião, Daniel se divertiu com gibi do Recruta Zero. Guto Bicudo já nos esperava em BH. Intensa troca de mensagens. Celulares funcionando freneticamente. Estamos indo para o hotel. Encontramos você aí. Só para deixar a mochila. Beleza. Já estou pronto. O taxista pisou fundo. O senhor me desculpe. Se não for assim, não vão chegar. Onze e quinze da manhã. O senhor vê, todas essas avenidas e viadutos foram inaugurados agorinha. São novinhos. É o que a Copa vai deixar para a cidade. Pergunto da festa dos colombianos no domingo passado. O senhor vê, foi bonito. São muito educados. O trânsito travou. Não anda. Onze e quarenta. Moço, estamos perto do Mineirão? Ah, deixo o senhor ali na esquina. Bem pertinho. Celular. Guto, não vai dar tempo. Vem direto para o Mineirão. Vou achar um ponto de encontro. Te aviso. A gente se encontra lá. Os ingressos estão com ele. Frio em São Paulo. Calor em Belo Horizonte. Troco a roupa do Dani no táxi. A mochila vai para o estádio, nas costas. Mochileiro da Copa. Guto, perto da tropa de choque, a partir do ponto por onde só passa quem tem ingresso. Mais quinze minutos. Estamos juntos. Vinte minutos de caminhada. Meio-dia e quarenta e cinco. Messi, cá estamos nós. Quando a bola rolou, abracei o Dani. Te amo, filho. Obrigado. Ganho um beijo. Um sorriso. Em pé nas cadeiras, ele não tira os olhos do campo. Foi a primeira retranca da Copa. Muito bem montada. O Irã foi guerreiro. Valente. Comeram grama. Aplicadíssimos. Mas bem limitados. A Argentina tinha posse de bola. Mas nada de volume de jogo. Pouco produzia. Teve pênalti para o Irã, confirmei agora na TV. Juiz não deu. Os bravos iranianos assustaram. O goleiro hermano pegou três bolas difíceis. Durante uns vinte minutos no segundo tempo, o Irã foi melhor. Ousado. Sonhou com a vitória. A torcida empurrava. Iranianos e brasileiros. Eu procurava ver os dois jogos. O da Argentina e o de Messi. E dizia para o Dani - olhos sempre no Messi. A fanática torcida hermana não parou de cantar. Erro de passe. Vamos, vamos, Argentina. Chute longe do gol. Soy argentino. Bola perigosa do Irã. Maradona é melhor que o Pelé. Caldeirão azul e branco. Camisas tremulando. Prenúncio de tragédia. Noventa e um minutos. Foi quando Messi decidiu que era hora de acabar com aquele tango. Grudou a bola no pé. Cortou para a esquerda. Espaço mínimo. Bateu. Com curva. Vi de frente. Cena de cinema. Quadro aberto. O goleiro pulou. Quase tocou. Não deu. A pelota estufou a rede. Explosão no Mineirão. Loucura. Argentinos correndo. Pulando. Gritando. Abraçando. Cantando. Rodando as camisas. Virou Monumental de Nuñes. Buenos Aires. Belôs Aires. Mi Buenos Aires querido. Por una cabeza. Eu vi gol de Messi. Guto Bicudo festejou. Presente de aniversário dele. Daniel abriu sorriso. Vai contar para os netos dele. Não foi justo. Não foi mesmo. Mas quem disse que há justiça no futebol? Só falta agora o Klose marcar para a Alemanha. Marcou! Ronaldo, o oportunista, não está mais sozinho na artilharia das Copas. Estamos voltando para São Paulo.

Um comentário:

  1. Chico,

    estou em Angola, uma puta saudade dos filhos, você me fez chorar. Muito bom..... bj Rafa

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