sexta-feira, 13 de abril de 2012

1912-2012. SANTOS, UMA PAIXÃO!



Parabéns, santástica nação santista. 
São 100 anos de glórias. 
100 anos de conquistas. 
100 anos de futebol arte. 
19 campeonatos paulistas. 
8 campeonatos brasileiros. 
3 Taças Libertadores. 
2 títulos Mundiais de Clubes. 
11.793 gols marcados. 
O time de Álvaro, Araken, Calvet, Carlos Alberto, Clodoaldo, Coutinho, Dalmo, Diego, Dorval, Edu, Elano, Feitiço, Gilmar, Giovanni, Juari, Léo, Lima, Mauro, Mengálvio, Pita, Rodolfo Rodríguez, Serginho Chulapa, Tite, Zé Roberto, Zito. 
O time do Rei Pelé. 
O time de Robinho. 
O time de Neymar. 

Nascer, viver e no Santos morrer é um orgulho que nem todos podem ter!  



ABORTO DE ANENCÉFALOS - VITÓRIA DA CIVILIZAÇÃO. MAS AS TREVAS...

Nestes dias de apreensão, acompanhando o julgamento sobre a possibilidade de interrupção da gestação em casos de fetos anencéfalos (sem cérebro), ocorrido no Supremo Tribunal Federal (STF) nas sessões de quarta e quinta-feira, confesso que houve momentos em que me senti como alguém que vivesse em plena Idade Média. Era como se voltássemos aos tempos de hegemonia bruta e intolerante do tribunal da Santa Inquisição, um obscurantismo vociferante e militante, que pretende desconstruir os fundamentos do Estado laico e democrático para substituí-lo pelo fundamentalismo excludente de um Estado teocrático, sempre e em qualquer circunstância autoritário, porque parte do pressuposto de que a "minha religião é sempre melhor que as outras", recusando-se a aceitar ainda aqueles que são ateus e não professam qualquer crença ou mesmo os agnósticos.

Em artigo publicado no jornal O Estado de São Paulo, o cardeal-arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer, escreveu que "o sofrimento da mãe pode e deve ser mitigado pela medicina, a psicologia, a religião e a solidariedade. Além disso, é um sofrimento circunscrito no tempo; mas a vida do bebê, uma vez suprimida, não pode ser recuperada; e também a dor moral decorrente de um aborto decidido pode durar uma vida inteira. Além do mais, o alívio de um sofrimento não pode ser equiparado ao dano de uma vida humana suprimida". Pergunto, intrigado: sofrimento com prazo de validade, que passa com o tempo? As marcas não ficam para sempre? A mulher consegue mesmo esquecer a experiência? Vida humana suprimida? De um feto que, já no útero, e com todos os recursos e tecnologias de que a medicina atualmente dispõe, é diagnosticado como sem cérebro - ou seja, sem efetiva possibilidade de viver? 

Em entrevista publicada pelo "Correio da Cidadania", dom Odilo reconhece o fato inexorável de o feto anencéfalo não ter qualquer chance de sobrevivência; ainda assim, insiste na gestação. Diz o religioso que "a mulher que gera um filho com anencefalia pode passar por um drama grave e por muitos sofrimentos, sabendo que o feto pode morrer ainda no seu seio, ou então, morrerá logo depois de nascer. Temos que ter muita compreensão para com essa mãe e a sociedade dispõe de muitos meios para ajudá-la. Mesmo o risco para a saúde da mãe pode ser controlado pela medicina. O sofrimento da mãe, no entanto, não é justificativa suficiente para tirar a vida do filho dela. Além disso, fazer o aborto, nesses casos, pode marcar a mãe com um segundo drama, que ela vai carregar para o resto da vida. Abortar um filho não é solução, mas é um problema a mais para a mãe. Melhor, neste caso, é deixar que a natureza siga o seu curso natural". Interpretação minha: entenda-se "curso natural" como "vontade divina". É como se a mãe precisasse passar por esse tipo de provação para alcançar a plenitude da dignidade humana, para ser merecedora do reino dos céus, quando o dia do juízo final chegar (algo como a "purificadora fogueira da Santa Inquisição"). Seria uma espécie de tragédia pedagógica-educativa. Cruel demais. De que humanidade afinal falamos?

Importante lembrar - e quase precisei desenhar esse cenário nas redes sociais - que o que o STF votou foi a  POSSIBILIDADE legal de interrupção da gestação, se o feto for anencéfalo e se essa for a decisão da mãe. No entanto, se a mulher decidir levar adiante a gravidez, terá também esse direito garantido. Ninguém vai colocar uma espada na cabeça dela e obrigá-la a fazer aborto. Ou seja, o Estado laico tem por princípio respeitar a diversidade, as não crenças e as convicções religiosas - de todos, e não apenas de alguns.

Como vozes lúcidas que se levantaram contra as trevas (insisto, é estarrecedor que estejamos travando esse debate em pleno século XXI), registro aqui os votos de dois dos oito ministros que, com civilidade tolerante e democrática, ajudaram a aprovar a legalização do aborto em casos de fetos anencéfalos. 

Disse o relator da matéria, Marco Aurélio de Mello, que “a incolumidade física do feto anencéfalo, que, se sobreviver ao parto, o será por poucas horas ou dias, não pode ser preservada a qualquer custo, em detrimento dos direitos básicos da mulher. É inadmissível que o direito à vida de um feto que não tem chances de sobreviver prevaleça em detrimento das garantias à dignidade da pessoa humana, à liberdade no campo sexual, à autonomia, à privacidade, à saúde e à integridade física, psicológica e moral da mãe, todas previstas na Constituição. Obrigar a mulher a manter esse tipo de gestação significa colocá-la em uma espécie de “cárcere privado em seu próprio corpo”, deixando-a desprovida do mínimo essencial de autodeterminação, o que se assemelha à tortura".

O ministro Ayres Britto afirmou em seu voto que “levar às últimas consequências esse martírio contra a vontade da mulher corresponde a tortura, a tratamento cruel. Ninguém pode impor a outrem que se assuma enquanto mártir. O martírio é voluntário.  A gravidez se destina à vida, e não à morte.  No caso da gestação que estamos a falar, a mulher já sabe, por antecipação, que o produto da sua gravidez, longe de, pelo parto, cair nos braços aconchegantes da vida, vai se precipitar no mais terrível dos colapsos.  Se a mulher for pela interrupção da gravidez, essa decisão é ditada pelo mais forte e mais sábio dos amores: o amor materno. E o amor materno é tão forte, tão sábio, tão incomparável em intensidade com qualquer outro amor, que é chamado por todos de instinto materno. Essa decisão da mulher é "mais que inviolável, é sagrada".  

Como escreveu a jornalista Mariluce Moura em sua página no facebook, "ainda é pouco, mas é um passo importante no reconhecimento da autonomia plena da mulher sobre o seu corpo. Falo da votação do Supremo favorável a que seja de livre escolha da mulher interromper ou prosseguir a gravidez de um feto anencéfalo. Um ato civilizatório!". 

Certamente há motivos para comemorar, até porque, como afirmou à Folha de São Paulo o advogado Luis Roberto Barroso, da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde, "a questão da liberdade reprodutiva da mulher e do custo social da criminalização do aborto esteve presente em todos os votos", abrindo brechas importantes para o debate mais amplo a respeito do aborto como um direito das mulheres. 

No entanto, eis meu temor: paira no ar também um desavergonhado sentimento obscurantista, que respinga e se manifesta na organização das bancadas religiosas no Congresso Nacional, nos afagos feitos às religiões com vistas às eleições municipais de outubro, no combate truculento ao kit anti-homofobia, no ensino do criacionismo em aulas de ciências em um número cada vez maior de escolas, na humilhação e execração de aluno que se recusa a rezar o pai-nosso... O ovo da serpente. Sempre perigoso.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

A MINHA SELEÇÃO SANTÁSTICA. E A SUA?



Em mais uma homenagem lúdica ao centenário do Glorioso Alvinegro Praiano, convido todos os santistas - e também torcedores de outros times que quiserem participar - a escalar suas seleções santásticas. 

Fica combinado que só poderão ser listados jogadores que vocês de fato viram atuar, em campo. Como minhas primeiras memórias futebolísticas remetem ao ano de 1977, esse é meu ponto de partida. 

E, sinto muito, mas a minha seleção alvinegra da Vila Belmiro joga com doze boleiros. Porque não seria digno deixar alguém da estirpe de Sergio Bernardino de fora dela. 

Anotem aí:

1. Rodolfo Rodriguez - Porque aquela sequência de defesas contra o América de Rio Preto fala por si só.
4. Paulo César - Fundamental na campanha do título brasileiro de 2004.
2. Joãozinho - Um dos veteranos da primeira geração dos Meninos da Vila, 1978.
6. Alex - Um gigante na zaga, uma das Torres Gêmeas de 2002.
3. Léo - Guerreiro, coração santista, desde sempre.
5. Arouca - Só o Mano Menezes não gosta do futebol dele.
8. Renato - O dono do meio-campo em 2002.
10A. Giovanni - O Messias fez renascer a alegria do futebol arte santista.
10B. PH Ganso - O maestro de toques clássicos e geniais.
7. Robinho - Eternamente sete pedaladas...
9. Serginho Chulapa - Quem nos deu o título paulista de 1984 não poderia ser esquecido.
11. Neymar - E o raio caiu pela terceira vez na Vila Belmiro.





domingo, 8 de abril de 2012

UMA VIAGEM POR 100 ANOS DE FUTEBOL ARTE

Nem bem havíamos chegado em casa e a mãe perguntou:
- Daniel, gostou do filme?
- Sim, é bom.
- Tem músicas?
- Tem o hino do "sou o alvinegro da Vila Belmiro".
- Tem os jogos?
- Sim. Vários contra o Corinthians, mãe.
- Ah, é? Aquele do 7 x 1?, provocou a mãe, corinthiana.
- Não, né, mãe! Você acha que ia ter vitórias do Corinthians num filme do Santos?! 
A irmã insistiu:
- Então foi bom?
- Foi lindo. Fala da final da Liberta, do Pelé, dos velhos tempos do Santos...

E "Santos - 100 anos de futebol arte" é assim mesmo - um filme repleto de histórias, de um time que tem muita história para contar. Enquanto a trajetória do glorioso alvinegro praiano era cantada em verso e prosa na telona, um filme em menor escala se desenrolava nas minhas memórias. Porque desde criança ouvia meu avô narrar, enquanto acompanhava os programas esportivos da rádio Atlântica, os feitos do time de branco que chegou até a parar guerra na África, no final dos anos 1960, para apresentar seu futebol arte, encantando e deixando boquiabertas platéias do mundo todo. Mais tarde, já moleque, e agora um quarentão, passei a ser personagem de vários dos episódios narrados no documentário.

Nas primeiras cenas do filme, dois santistas ilustres conversam sobre os hinos do Santos. Cosmo Damião, fundador da Torcida Jovem, não esconde a euforia por finalmente ver ser cantado a a plenos pulmões nas arquibancadas o hino oficial, aquele que lembra que "nascer, viver e no Santos morrer é um orgulho que nem todos podem ter". Até muito recentemente, os santistas entoavam apenas o "Leão do Mar", que diz que "agora quem dá a bola é o Santos", mas é uma espécie de segundo hino, extra-oficial, uma música de homenagem aos títulos - que, para o rapper Mano Brown, tem melodia muito mais bonita. Pode até ser, Mano. Mas é mesmo emocionante ver o ritmo de "sou alvinegro da Vila Belmiro" ser marcado com palmas e assobios nos estádios.

A história é contada de forma cronológica - a fundação, na mesma noite em que o Titanic afundaria (14 de abril de 1912), os vice-campeonatos paulistas no final dos anos 1920 e 30, o primeiro Paulistão (1935), o ataque dos cem gols. A Era Pelé, e nem poderia ser diferente, é protagonista de boa parte do documentário, com as conquistas do hexa brasileiro, do bi da Libertadores e do bi Mundial de Clubes. Pausa para cena inusitada: é curioso perceber, na imagem do jogo contra o Vasco, na noite de 19 de novembro de 1969, os zagueiros cariocas tentando cavar um buraco na marca do pênalti, na tentativa de atrapalhar a cobrança de Pelé. A artimanha, como conta a história, não deu certo, e o rei converteria ali seu milésimo gol.

Sobre o tento histórico, aliás, mais uma história saborosa, que na tela aparece contada pelo próprio Rei: na partida anterior, o Santos tinha jogado em Salvador, contra o Bahia. Houve uma jogada - e foram tantas, era tão comum, natural - em que Pelé disparou em direção ao gol, driblou um zagueiro, tirou o goleiro de cena e, quase sem ângulo, bateu para o gol. Praticamente em cima da linha, e antes que a pelota pudesse cruzá-la, o lateral esquerdo, depois de emendar um pique sensacional, conseguiu tirar a bola e evitar o gol santista. Cena rara: levou uma sonora vaia de praticamente todos os torcedores que estavam no estádio. Os soteropolitanos queriam ter o privilégio de ver o milésimo de Pelé.

Foi no dia do jogo de despedida de Edson Arantes do Nascimento que o escritor e roteirista José Roberto Torero tornou-se santista. O pai dele avisara: "vamos para a Vila Belmiro, vai ser o último". Era o dia 2 de outubro de 1974. Meu irmão, também santista, nasceria dois dias depois. Meu avô, como de costume, estava no estádio. E me contava que, no segundo tempo, repentinamente, sem ninguém avisar, Pelé pegou a bola no centro do gramado, ajoelhou-se e se virou, braços abertos, agradecendo, para os quatro lados do campo. O pai de Torero, mineiro discreto, que dizia "homem não chora", não conseguiu evitar as lágrimas. O estádio todo chorava. E Torero virou santista. Foi pego pelo coração.

Mano Brown lembra que, a partir de então, passamos todos a ser chamados de "viúvas do Pelé". E ficou um vazio mesmo. "Durante 18 anos, fomos casados com a musa da época, a Sophia Loren. E ela foi embora. Como fica?", compara o rapper. Os títulos começaram a rarear. Em 1978, ainda surgiriam os Meninos da Vila, representados pela irreverência black power de Juari, que na tela aparecem ao som da disco music da época ("Stayn' Alive", dos Bee Gees). Chico Formiga, técnico daquela equipe, confessa que não gostava de ver seus comandados dançar depois dos gols, nas comemorações. Mas rendeu-se à criatividade artística que marca até as comemorações santistas. Em 1984, mais um título paulista, contra o Corinthians, com gol dele - Serginho Chulapa, que diz no documentário que jamais perderia aquela partida contra o arqui-rival.

Surgem então breves menções aos anos das vacas magras. E foram longos dezoito anos de fila, vendo times muito ruins desfilar pelos gramados. Era difícil ser santista, ser zoado pelos colegas na escola. Mas não arredávamos pé. Continuei frequentando os estádios. O período é muito bem definido no documentário pelo jornalista Xico Sá: "O casamento continuava, nos tornamos companheiríssimos. Mas não tinha mais sexo". 

Mas aí apareceu um tal de Giovanni, a nos mostrar que o futebol arte resistia, dava de novo o ar de sua graça. Quem estava no Pacaembu naquele final de tarde/começo de noite de 7 de dezembro de 1995 sabe do que estou falando. Naquela inesquecível vitória por 5 x 2 contra o Fluminense, arrasadora, semi-final do Brasileirão, vi um amigo de infância lascar um beijo na careca de um sujeito que tinha uns dois metros de altura, depois do quinto gol do Peixe. O cara não só não reclamou como abraçou meu amigo... Não queríamos sair do estádio. Cantamos e gritamos até a voz faltar. 

Esperaríamos ainda longos sete anos para desvirar as faixas nos estádios, na conquista do Brasileirão de 2002, novamente contra o Corinthians, deliciosamente contra o Corinthians, quando vi, no Morumbi, "um neguinho de canelas finas" pedalar oito vezes antes de ser derrubado na área e abrir caminho para a vitória. Robinho e Diego, muito obrigado! (A dupla, aliás, protagoniza um dos momentos mais engraçados do documentário, quando contam as brincadeiras e zoações que faziam nos vestiários, antes das partidas). Era o segundo raio que caía na Vila Belmiro. E trazia definitivamente de volta o DNA ofensivo, o futebol arte. A nossa vocação.

O terceiro raio não demoraria - em 15 de março de 2009, Neymar marcaria seu primeiro gol como profissional pelo Santos, na vitória por 3 x 0 contra o Mogi Mirim, no Pacaembu. Eu e Daniel estávamos lá, obviamente. De lá para cá, já foram 95 gols, o quarto maior artilheiro depois da Era Pelé. Vi também Paulo Henrique Ganso, o maestro, dizer "não vou sair de campo", na final do Paulista de 2010, contra o Santo André, além de bater um escanteio para ele mesmo, em jogada genial, que o documentário resgata. Pelé-Coutinho. Robinho-Diego. Neymar-Ganso. Três raios implacáveis - os três a despencar na Vila Belmiro.

Chega então a explosão derradeira. A conquista da Libertadores de 2011 é outro momento mágico do documentário, já nos minutos finais do filme. As imagens do estádio Centenário, em Montevidéu, são lindas e impressionantes - as arquibancadas tremendo em amarelo e preto. Os Meninos da Vila não tremeram, trouxeram de lá valioso empate. E o mar branco do Pacaembu respondeu com a mesma intensidade, quarenta mil corações pulsando de nervosismo e tensão, quarenta mil vozes cantando "é um orgulho que nem todos podem ter", para finalmente explodir no grito de "tricampeão". Revivi cada segundo daquela noite mágica de 22 de junho - a letra do Ganso, a arrancada do Arouca, o chute seco e rasteiro do Neymar, o passe do Elano, a batida em curva do Danilo, a taça nas mãos do capitão Edu Dracena, o Muricy correndo pelo campo sem rumo, abraçado ao Rei Pelé. 

A essa altura, no cinema, como havia acontecido no Pacaembu, já não era mais possível segurar as lágrimas. Daniel nem se mexia na poltrona, olhos atentos. A última cena do filme é enigmática e promissora: Neymar num Pacaembu em êxtase hipnotizante, já campeão da Libertadores, ajoelha no gramado e chora, cobrindo o rosto com a camisa. Ousadia e alegria. Tela preta. Créditos finais. Antes que a luz se acendesse, aplausos e gritos de "Santos!". 

A história termina na telona. Consigo perguntar ao Daniel: "que parte você mais gostou?". Ele nem pensa para responder: "a final da Liberta. No Pacaembu". Foi a história que ele mais gostou. Porque essa também já é a história dele - e como ele torceu e sofreu naquela decisão contra o Peñarol.

Pois é, filho, temos uma semana para nos recuperar das fortes emoções. Sábado que vem, 14 de abril, tem mais, muito mais. É o dia do aniversário do Santos. Estaremos em Santos, para as comemorações oficiais, fazendo parte da história, e vendo a história acontecer. São 100 anos de futebol arte. Arte. "Tolstói, Dostoiévski, Santos... entram nessa categoria", como define Xico Sá. De fato, um orgulho que nem todos podem ter.

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"Santos - 100 anos de futebol arte"
Cine Livraria Cultura, Sala 2, sessões diárias, 14h
Conjunto Nacional - Avenida Paulista, 2073.
Até sexta-feira, 13 de abril.

Veja o trailer oficial do documentário

domingo, 1 de abril de 2012

PARA JAMAIS ESQUECER AS ATROCIDADES DA DITADURA MILITAR

Manifestação "Cordão da Mentira" - São 
Paulo, 1 de abril de 2012.

Fotos de Elisa Marconi



"Ao contrário dos outros países latino-americanos, no Brasil não houve justiça de transição. Os responsáveis por crimes como tortura e desaparecimento de corpos, chamados de lesa-humanidade, não foram julgados. O Estado brasileiro não investigou os crimes cometidos pela ditadura, mesmo tendo sido condenado internacionalmente pela Organização dos Estados Americanos (OEA). Isso demonstra que os interesses que levaram os militares ao poder continuam fortes e operantes no cenário político. Não satisfeitos, os militares ainda resolveram satirizar e fazer pouco caso da sociedade brasileira, em mais uma confraternização de celebração. Peguntamos a eles: o que devemos celebrar?". (Trecho do manifesto do "Cordão da Mentira").

Pois é. Comemorar o golpe e a ditadura militar significa também comemorar a censura, as prisões, os assassinatos, os desaparecimentos, a tortura, a barbárie. Significa tripudiar sobre a dor das famílias que até hoje não sabem o que foi feito dos corpos de entes queridos. Significa valorizar um tempo de terror e de truculência institucionalizada. Significa achincalhar a memória da resistência democrática. Resumindo: é indecente. Nojento.

Aviso aos militares golpistas e às viúvas da ditadura: não esqueceremos! Dom Paulo Evaristo Arns, no obrigatório Brasil: Nunca Mais, destaca que "não há ninguém na Terra que consiga descrever a dor de quem viu um ente querido desaparecer atrás das grades da cadeia, sem mesmo poder adivinhar o que lhe aconteceu. O 'desaparecido' transforma-se numa sombra que, ao escurecer-se, vai encobrindo a última luminosidade da existência terrena".

E, como bem lembra novamente o manifesto do "Cordão da Mentira", "se a farsa continua, continuaremos a exigir o direito à justiça e à verdade". Jamais esqueceremos.





































Este texto faz parte da quinta blogagem coletiva do #desarquivandoBR