Manifestação "Cordão da Mentira" - São
Paulo, 1 de abril de 2012.
Fotos de Elisa Marconi
"Ao contrário dos outros países latino-americanos, no Brasil não houve justiça de transição. Os responsáveis por crimes como tortura e desaparecimento de corpos, chamados de lesa-humanidade, não foram julgados. O Estado brasileiro não investigou os crimes cometidos pela ditadura, mesmo tendo sido condenado internacionalmente pela Organização dos Estados Americanos (OEA). Isso demonstra que os interesses que levaram os militares ao poder continuam fortes e operantes no cenário político. Não satisfeitos, os militares ainda resolveram satirizar e fazer pouco caso da sociedade brasileira, em mais uma confraternização de celebração. Peguntamos a eles: o que devemos celebrar?". (Trecho do manifesto do "Cordão da Mentira").
Pois é. Comemorar o golpe e a ditadura militar significa também comemorar a censura, as prisões, os assassinatos, os desaparecimentos, a tortura, a barbárie. Significa tripudiar sobre a dor das famílias que até hoje não sabem o que foi feito dos corpos de entes queridos. Significa valorizar um tempo de terror e de truculência institucionalizada. Significa achincalhar a memória da resistência democrática. Resumindo: é indecente. Nojento.
Aviso aos militares golpistas e às viúvas da ditadura: não esqueceremos! Dom Paulo Evaristo Arns, no obrigatório Brasil: Nunca Mais, destaca que "não há ninguém na Terra que consiga descrever a dor de quem viu um ente querido desaparecer atrás das grades da cadeia, sem mesmo poder adivinhar o que lhe aconteceu. O 'desaparecido' transforma-se numa sombra que, ao escurecer-se, vai encobrindo a última luminosidade da existência terrena".
E, como bem lembra novamente o manifesto do "Cordão da Mentira", "se a farsa continua, continuaremos a exigir o direito à justiça e à verdade". Jamais esqueceremos.
Diria que esta foi uma bela reportagem, Chiquilão.
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