domingo, 15 de junho de 2014

14 DE JUNHO - CASTELAZO

Castelazo. Eu vi. Manhã de sol infernal. A placa, seta para a esquerda, indicava a Praia de Iracema. Em inglês, padrão FIFA, Praia de Iracema Beach. Não é piada. Uruguaios já faziam festa danada, aos cantos de 'vai, Celeste', bandeiras tremulando à beira mar. Com direito até a acampamento improvisado. Cruzamos com dois torcedores do Peñarol. Vocês são fregueses. Pelé e Neymar. Duas Libertadores. Lembram? Memórias devidamente refrescadas. Na sacada de um dos prédios, contei bandeiras do Brasil (muitas, claro) e também do México, da Colômbia, dos Estados Unidos, da Itália, da Inglaterra. Da Celeste. Todas juntas. Deve ser a tal da globalização mega planetária que elimina fronteiras e aproxima arretados afetos e emoções, como diria Gilberto Gil. Ou não. Aquele abraço. Os torcedores da Costa Rica também marcavam presença. O azul do mar de Fortaleza chega a ser maravilhosamente estúpido. O taxista quase atropela o motociclista. Corre para o hotel. Para ver o primeiro tempo da Colômbia. E os corais sul-americanos continuam afinadíssimos. Show. O hino colombiano cantado pelo Mineirão foi de encher os olhos. Mais uma vez. Com menos de dez minutos, veio o impagável Armeretion. Pode gravar no DVD dos melhores momentos da Copa. Intervalo. Destino - Castelão. Tínhamos notícias da Colômbia pelas mensagens via celular enviadas por irmão, esposa, primos, filhos, amigos. Narração em rede. Padrão FIFA. Sempre. Até que o taxista entendeu nosso desespero e ligou o rádio. Descemos no limite do primeiro bloqueio. Caminhada de uns dois quilômetros. Parada estratégica para uma coca-cola com chocolate. Vimos o terceiro da Colômbia num arremedo de televisão de um quiosque. Nos limites do estádio, uma senhora perguntava 'posso orar por você'? Se fosse capaz de adivinhar o que viria, teria pedido uma oração braba. Para os uruguaios. Fila para entrar no Castelão. Até que organizada. Uns vinte minutos. Sim, teve espertoman e espertawoman que quiseram furar a fila. Sim, eu, um chato, não deixei e mandei os dois... para o final da fila. Passei na revista. Não levei. Lugar marcado respeitado. Ok. Desviaram grana. Roubaram. Atrasaram. Desapropriaram. Expulsaram. Muita coisa errada. Sem perder olhar crítico. Mas o estádio é lindo; meu lugar, privilegiado. Dali, de muito perto, verei os quatro gols. Chorei com a entrada dos times e os hinos. Foi bonito demais, camarada Mujica. Sonho de criança finalmente realizado. Respeitando a história, comecei torcendo para o Uruguai, que saiu na frente. Pênalti. A torcida foi ao delírio. 'Celeste, cada dia te quiero mas'. Aos poucos, o clima mudou. A Costa Rica tomou conta do jogo. Uruguaios calados. Tensos. Camisas vermelhas pulando e cantando. Empate. Uruguaios passam a hostilizar, xingar e até ameaçam agredir quem torcia para a Costa Rica. Jogaram cerveja em vários. Prometiam porrada na rua. Princípio de tumulto. Me irritei. Resolvi dançar o tango. Troquei de camisa. Copa do Mundo é assim, vale mudar de repente. Porque a Costa Rica jogava bola. De verdade. O Uruguai jogava com o nome. Sem vontade. Comemorei a virada. E festejei muito mais o terceiro gol, para desespero dos uruguaios. Detalhe - a Costa Rica está treinando em templo sagrado do futebol. Vila Belmiro. Faz sentido. Saiu aplaudida de campo. Castelazo. Alunos disseram que vinguei a alma do goleiro Barbosa. Mais dois quilômetros de caminhada. Demora para conseguir táxi. Corre para a praia de Iracema Beach, vendo o jogo da Itália na micro TV do carango. Não tem lugar para comer em Iracema. Estou varado de fome. Não almocei. Só café da manhã, às nove da matina. São sete da noite. Nem pensar em comida no estádio. Filas gigantescas. Bagunça. Passei o dia com chocolates e refrigerantes. Alimentação padrão FIFA. Fifíssima, diria. Voltamos para um restaurante perto do hotel. Final do jogo da Itália. Ah, a Azurra, diria Fernando Vanucci. Filé com fritas, finalmente. E cerveja gelada com o mano, claro. Voamos para o hotel. Ar condicionado no talo. E está só fresquinho. Achei que Santos fosse o centro do aquecimento global. Errei. É Fortaleza. Estamos nos divertindo com Japão x Costa do Marfim. Aliás, só bons jogos até aqui nessa Copa. Aécio foi oficializado candidato? Azar de quem vai votar nele. O Jornal Nacional deu dez minutos para o cara? Agora a novidade... Mais maluco que eu, Eryx Pereira segue na madrugada para Porto Alegre. Vai ver a França. Volto amanhã para São Paulo. A saga continua. Desconsiderem erros, por favor. Celular. Voltamos a nos falar em breve. Bom descanso para todos.

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