quarta-feira, 11 de julho de 2012

A MATEMÁTICA BURRA DE PH GANSO



Fonte - Blog do Milton Neves
Crédito imagem -  @CowboySl

Não vou aqui nem de longe enveredar pela discussão a respeito do "beijo no escudo" ou sobre "as juras eternas de amor e fidelidade, na saúde ou na doença, a este ou àquele clube". Vou tratar de negócios, de mercado, de imagens, de patrocínios, de empresários, de contratos, de potencial de venda/consumo. Foi nisso tudo, afinal, em que se transformou o cantado em verso e prosa "futebol moderno". Nesse campo onde o esporte também acontece, verde não pela grama, mas pela grana que movimenta, os jogadores são protagonistas, assessorados por novos oráculos, os empresários. E, se essas são as variáveis a considerar, lamento, mas os fatos me obrigam a concluir que Paulo Henrique Ganso e seu staff de empresários (a DIS, do grupo Sonda) parecem não saber fazer contas elementares.

A novela da renovação do contrato do meia com o Santos - e a tal da "valorização", tão cobrada pelo atleta - começou no início do segundo semestre de 2010, quando o time paulista já tinha se sagrado campeão paulista e da Copa do Brasil. Mas Ganso machucou seriamente o joelho numa partida contra o Grêmio, em agosto daquele ano, pelo Brasileirão. Ficaria quase sete meses afastado (o retorno aconteceu em 12 de março de 2011, contra o Botafogo de Ribeirão Preto, na Vila Belmiro, pelo Campeonato Paulista). As conversas esfriaram. 

O Santos retomou as investidas, com força, em abril de 2011, quando Ganso voltou a disputar a Taça Libertadores da América, mais especificamente às vésperas da partida decisiva contra o Cerro Porteño, no Paraguai, ainda pela fase de grupos (dia 14 de abril). Especula-se que, naquela ocasião, o Santos fez oferta de cerca de 500 mil reais mensais ao camisa 10, mais porcentagem significativa nos direitos de imagem/contratos publicitários, além de equipe profissional para assessorar a carreira do jogador, como acontece atualmente com Neymar. 

Admitamos que a oferta tenha sido de "apenas" 400 mil reais/mês (salário próximo ao de Elano, oferta bastante razoável para a época). Coloquemos ainda como hipótese que, ao aceitar, Ganso receberia esse valor já a partir de maio do ano passado. Àquela altura, a remuneração dele era (e ainda é) de 160 mil reais/mês - a diferença entre o "velho e o novo" alcançaria assim 240 mil reais/mês. Mas Ganso fez birrinha e biquinho, foi tolinho, blefou (ameaçou até jogar no Corinthians, lembram?), vazou ofertas que nunca chegaram ao Santos (Milan, Internazionale...) e recusou a oferta santista, o que voltou a fazer no final do ano passado, antes e depois do Mundial de Clubes.

Resultado inteligentíssimo - entre maio de 2011 e julho de 2012 (período de quinze meses), Ganso deixou de arrecadar uma quantia bastante modesta: três milhões e seiscentos mil reais (240 mil vezes 15 meses). E, notem, estou somando apenas salários "normais" (sem férias, décimo terceiro...), e não estou contando também contratos publicitários possíveis. Já ouvi comentaristas da rádio Estadão/ESPN citarem especialistas e consultores no negócio futebol para garantir que, nesse período, Ganso deixou de embolsar cinco milhões de reais. Só.

Pois bem. Recentemente, relações aparentemente restabelecidas, o Santos entusiasmou-se a novamente procurar o jogador e apresentou a ele nova proposta de renovação. Notem bem, é importante: o Santos está amparado e resguardado, pois o atleta tem contrato até 2015, com multa rescisória fixada em 50 milhões de euros, para o mercado internacional. Ou seja, o Santos, em tese, sequer precisaria reajustar os valores pagos ao meia. Ainda assim, colocou à mesa, ao final da Libertadores/2012, uma oferta de 400 mil reais/mês (salário), mais 70% de participação nos contratos publicitários fechados a partir de então. Ganso disse... "NÃO"! Biquinho e birrinha, de novo. 

O caldo entornou. Porque o Santos, que não tem coisa alguma a perder, disse "então, dane-se. Chega". A DIS veio a público para anunciar que "PH Ganso não mais vestiria a camisa do Santos". Com o mercado internacional ressabiado, para dizer o mínimo (o futebol de Ganso anda bem pequenino, as lesões e cirurgias são frequentes, há boatos de mais uma operação no joelho depois da Olimpíada...), a crônica esportiva anuncia que o atleta deve ter como destino o Internacional de Porto Alegre, que parece estar se especializando em receber jogadores que arrumam encrencas em outros clubes e saem deles pelas portas dos fundos. 

De acordo com informação divulgada pelo Painel FC, do jornal Folha de São Paulo, nesta quarta-feira, 11 de julho, o clube gaúcho ofereceu (e Ganso já teria aceitado) salário de 350 mil reais/mês, mais 50% de publicidade - menos do que foi portanto oferecido pelo Santos. Vamos considerar hipoteticamente que Ganso assine - e cumpra - um contrato até dezembro de 2015, a contar de agosto de 2012. Seriam cinco meses neste ano e outros 36 meses (três anos) de vencimentos, totalizando 41 meses. A diferença entre o Santos e o Inter é de 50 mil/mês, pró alvinegro. Jogando no clube gaúcho, Ganso perderia mais dois milhões de reais, para arredondar (41 vezes 50 mil). Somando esse valor ao que já foi perdido no ano que passou (os três milhões e seiscentos mil já citados), chegamos a cinco milhões e 600 mil reais (repito, sem medo de ser chato: estou sendo conservador e contando só os salários). 

Imaginemos em seguida que Ganso resolva cumprir apenas um ano (é o que vem sendo ventilado) do contrato com o Inter (agosto 2012-agosto 2013), usando o clube colorado como trampolim para a Europa, aproveitando-se da janela de transferências do meio do ano que vem. Acumularia, em doze meses, prejuízo de mais 600 mil reais (50 mil vezes doze). 

Para resumir: no cenário mais otimista, Ganso contabilizaria um baque de pelo menos quatro milhões e 200 mil reais; na situação mais periclitante, a perda seria de cinco milhões e 600 mil. São valores que resolveriam - e com folga - a vida de muita gente, não? Eu daria pulos de alegria se pudesse ganhar qualquer uma dessas boladas. Para efeito de comparação, estamos falando de algo em torno de nove mil ou de seis mil e setecentos salários-mínimos, a depender do cenário considerado.

Que prejuízo, que bobagem, hein, Ganso? Quanta tolice! E, se futebol é negócio sério, profissionalizado, penso que chegou a hora, PH, de você demitir e mandar às favas os caras que "administram" sua carreira. Porque eles são simplesmente muito ruins com os números. 

2 comentários:

  1. Ganso, o jogador mais chato e mais supervalorizado dos últimos tempos. Vive daquilo que fez (muito bem, reconheço) no primeiro semestre de 2010. Mesmo nas partidas finais da Copa do Brasil, disputadas após a Copa do Mundo, seu desempenho foi apenas regular, eis que se recuperava de cirurgia no joelho feita durante o Mundial da África do Sul. Depois disso, foram 7 meses de ausência, uma volta promissora contra o Botafogo-RP, uma grande partida contra o Cerro Porteno e nova contusão, no primeiro jogo da final do Paulista, contra o Corinthians. Após novo período de estaleiro, o jogador voltou no jogo final da Libertadores, contra o Penarol, onde foi mero coadjuvante. Após uma Copa América discretíssima pela seleção e uma nova sequência de partidas apenas razoáveis pelo Santos, nova contusão na coxa, em jogo pela seleção brasileira, e mais um longo período no DM. Sua volta foi contra o Vasco, na reta final do Brasileiro, onde começou a se preparar para o Mundial de Clubes da Fifa, torneio no qual teve, tal qual o resto do time, participação discretíssima. Em 2012, após um início esperançoso, alternou ótimas partidas (contra o Bolivar, por exemplo) com outras partidas simplesmente ridículas. E veio mais uma cirurgia no joelho, a volta absolutamente precipitada na semi-final da Libertadores (onde literalmente se arrastou em campo), culminando com mais uma birrinha. Ou seja: desde julho de 2010, Ganso jogou pouco, muito pouco, quase nada. A bem da verdade, hoje ele sequer teria lugar na seleção olímpica, que tão bem se vira com Oscar e Lucas. É uma pena que um jogador que pintou com um potencial tão grande termine a sua passagem pelo Santos (que teve tanta paciência e que chegou até onde podia para reajustar seus vencimentos, muito mais, acredito, em consideração ao que jogou até junho de 2010)dessa maneira. Não sei se o Santos irá negociá-lo com o DIS e, consequentemente, com o Inter-RS. Só sei que ele tem contrato até 2015 e, que se saiba, o clube lhe paga em dia. Eu, no lugar do Santa Claus, o liberaria apenas por uma bela bolada em dinheiro vivo, suficiente para o clube recuperar todo o investimento que fez no jogador. Afinal, mesmo tendo ficado tanto tempo parado, o jogador recebeu em dias seus vencimentos, quando qualquer trabalhador comum teria o contrato de trabalho suspenso e receberia o auxílio-doença/acidente pago pelo INSS. Chega dessa historinha. Já deu o que tinha que dar. Vaza, Ganso! Obrigado pelos seis meses de belo futebol em 2010. Tchau!

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  2. Sou mais o Calunga da quadra do Tio Zé. Ele pega todas.

    Uma boa troca seria o Ganso pelo Dagoberto. Dois puta chatos...

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