quarta-feira, 11 de maio de 2011

MONTEIRO LOBATO ERA RACISTA. E AGORA?

Passei boa parte da infância esparramado no chão do escritório da casa de meu avô, cotovelos fixos no tapete, rosto apoiado nas palmas das mãos, concentração máxima, silêncio absoluto, completamente encantado com os livros de Monteiro Lobato e transportado para o mundo mágico das onças e dos bodoques de Pedrinho, das águas claras e dos príncipes-peixes de Narizinho, da torneirinha de asneiras da perspicaz boneca Emília, das sábias descobertas do Visconde de Sabugosa, dos medos, sustos e sinais da cruz da tia Nastácia, das histórias na varanda contadas por dona Benta. Era tarefa mais do que difícil fechar aqueles livros para cuidar da vida real. Eu precisava sempre ser "resgatado".

Sim,  tive conhecimento, bem mais adiante, já não mais criança, dos possíveis contornos e sugestões de comportamentos e dizeres racistas presentes na obra infantil do escritor nascido em Taubaté, interior de São Paulo, e um dos ícones (talvez o principal deles) da literatura infantil brasileira. O debate acadêmico a respeito dos deslizes racistas lobatianos não é recente.

E o que poderia ser até agora considerada uma questão de interpretações e análises, e portanto certamente marcada por desejáveis e saudáveis subjetividades, alcança outro patamar, bem mais grave, complicado e sério, penso, com a pubicação pela revista Bravo! (edição de maio, nas bancas), em matéria de capa, de trechos de cartas até agora inéditas de Lobato ao também escritor Godofredo Rangel e aos cientistas Renato Kehl e Arthur Neiva. Os documentos foram encontrados nos arquivos da Fundação Oswaldo Cruz e da Fundação Getúlio Vargas, ambas no Rio de Janeiro. 

O conteúdo das cartas é devastador, são verdadeiras "arrasa quarteirão". Primeira pista: as correspondências, como revela a reportagem com muita propriedade, estabeleciam conexões entre três confessos defensores da eugenia (a suposta e pretensa superioridade da raça branca, tese que procurou apresentar-se com lastro de conhecimento científico no final do século XIX e início do XX). 

O Monteiro Lobato que surge das cartas não é apenas "um homem de seu tempo, alguém que vivia impregnado por uma atmosfera cultural permeada ou contaminada por esses conceitos". É um sujeito assumidamente racista e preconceituoso, com convicção e consciência de tais ideais de intolerância, e disposto a defendê-los. Não há mais como tapar o sol com a peneira ou tentar dourar a pílula. É preciso reforçar, com clareza e precisão: estamos falando de alguém com visão de mundo e discurso racistas, que considerava os negros como sujeitos inferiores e de segunda categoria.

A reportagem faz referência a trechos de várias cartas. Há dois momentos em especial que são mais do que representativos (infelizmente) desse comportamento preconceituoso. Na primeira, enviada a Neiva, em 1928, Lobato escreve que "país de mestiços, onde branco não tem força para organizar Kux-Klan, é país perdido para altos destinos (...) Um dia se fará justiça ao Ku-Klux-Klan; tivéssemos aí uma defesa dessa ordem, que mantém o negro em seu lugar, e estaríamos hoje livres da peste da imprensa carioca - mulatinho fazendo jogo do galego, e sempre demolidor porque a mestiçagem do negro destrói a capacidade construtiva". Na segunda, também encaminhada a Neiva, em 1935, e comentando a mestiçagem e a negritude na Bahia, o escritor paulista escreve: "mas que feio material humano formiga entre tanta pedra velha! A massa popular é positivamente um resíduo, um detrito biológico. Já a elite que brota como flor desse esterco biológico tem todas as finuras cortesãs das raças bem amadurecidas".

Eu me senti exatamente como você, leitor, está se sentindo agora. Estarrecido, de certa forma inconformado, acuado. Mais do que tudo: agoniado. Mais uma vez: estamos objetivamente falando de um homem racista.

Mas a situação é bem mais complexa, porque estamos simultaneamente falando de um autor que soube como poucos captar, entender, respeitar e tocar a alma infantil, que compreendeu o que é ser criança em toda sua plenitude e que se dedicou a contar com maestria as coisas do mundo para os pequenos.

Vamos a partir de agora impedir que as crianças travem contato com esse universo riquíssimo de personagens e de peripécias, de estímulos e convites geniais à imaginação? Vamos demonizar e queimar em praça pública a obra de Lobato? Vamos transformar as caçadas de Pedrinho e os casamentos de Narizinho em agentes de males e de perversões? 

Sinceramente, desejo ardentemente que meus filhos continuem se alimentando das histórias contadas por Monteiro Lobato - que, aliás, eles já adoram. Estivemos no ano passado no Sítio do Picapau Amarelo, em Taubaté, a fazenda-museu que preserva as origens do escritor, e pude ver os olhinhos dos dois brilhando ao encontrarem e abraçarem a Emília, Pedrinho, Narizinho e tia Nastácia. Ainda hoje, por coincidência, a pequena (nem tanto, mas para sempre) Luiza comentou, durante o almoço: "pai, deixei o livro do Monteiro Lobato na escola, para ler nos intervalos. Não consigo parar. É sensacional". Não posso privá-los desse privilégio encantador, definitivamente.

A própria reportagem da Bravo!, muito sensata e equilibrada, reconhece que o escritor "é um dos mais talentosos de sua geração. Legou ao Brasil um bem inestimável: uma literatura infantil de altíssimo nível, que pode ser lida até hoje. As eventuais alusões racistas a personagens como Tia Nastácia não tiram o prazer da leitura - talvez constituam até um bom tema de discussão em aula". Penso que esse é mesmo o novo caminho a seguir, como também recomenda Ana Célia da Silva, da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), em entrevista publicada pelo portal Terra: "O que se deve fazer não é retirar a obra, que é preciosa, mas desconstruir o racismo contido nela". 

Tal tarefa de desconstrução do preconceito, de conscientização e desenvolvimento de postura crítica (e ao mesmo tempo lúdica), a ser desempenhada primordialmente por pais e professores, pode inclusive transformar a leitura de Monteiro Lobato em uma experiência ainda mais sofisticada e prazerosa.

Condenar com veemência e contundência, sem melindres, o Monteiro Lobato racista, sem deixar de exaltar sua habilidade narrativa e literária, garantindo que, com os devidos alertas e orientações, as crianças possam continuar se deliciando com o brilhantismo sem igual das histórias e dos personagens criados pelo escritor paulista. Esse é o encaminhamento que sugiro.

O debate está aberto, apenas começando. E você, o que pensa sobre o assunto?

30 comentários:

  1. Chico, o nosso Lobato foi uma grande decepção para mim em 2001, quando eu fazia minha pós em História da Arte, e, apaixonada pelo mundo acadêmico, propus a formação de um grupo de estudos. Tema: Semana de 22 e seus arredores do tempo. Adivinha só?! Descobrimos que nossa personagem era bem mais vendida aos apelos e procedimentos capitalistas do que à sua ideologia cultural. Fim de linha pra ele. Continuo amando os outros... bjs

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  2. Excelente. O fato dele ser racista não apaga seu talento como escritor e nem diminui sua obra literária. Temos que analisá-la criticamente. Espero que a ideia grotesca de "rever" (isso é censura e se aproxima muito da histeria dos nazistas e inquisidores queimando livros que julgavam inadequados) trechos de sua obra seja esquecida.

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  3. Muito sensata a proposta do último parágrafo. É a saída possível. Tem coisa muito escabrosa sobre a vida e a ideologia de grandes escritores (brasileiros e não) que não desabonam o texto.
    Lamentavelmente é dissociar autor de obra e deixar esta caminhar livre.

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  4. Quem sabe esse assunto não renda um especial para o site?
    Beijocas
    Priscilla/SINPRO-SP

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  5. Acredito preciso, é, não simplesmente apor o adjetivo "racista". Muito mais necessário é informação difundida aos leitores, sobre a postura de "eugenia" de Lobato, para, assim, relativizar (ou não) o seu Talento.

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  6. Concordo com você, não poderíamos privar as crianças de lerem histórias maravilhosas e que atravessa gerações...
    Dependendo do tipo de criação que é dada à criança esse racismo sutil, acaba sumindo. Foi o que aconteceu comigo e com milhares de crianças. Acho que o racismo pode sim estar lá, mas só o toma quem quer.

    Beijos Chico!
    Mari Boscolo

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  7. Kiko, você sabe que sou sua fã nº 0.Como sempre adorei seu texto. Perfeito em todas as sua colocações. Acho mesmo que podemos e devemos separar o homem do escritor. Lamentável a postura do homem, mas maravilhosa a figura do autor que, como poucos, conseguiu ensinar tanto e de forma tão gostosa aos pequenos que tiveram a possibilidade de conhecê-lo através de livros inesquecíveis.Existe maneira mais gostosa e divertida de aprender história e mitologia do que pelas páginas de OS 12 TRABALHOS DE HÉRCULES? sem dúvida o meu preferido, tanto que não faz muito tempo me diverti muito com a releitura dessa obra.
    Tem bom gosto a nossa Luiza! Tomara que Nielito siga o mesmo caminho. Beijos orgulhosos.
    Mamâe Stella

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  8. Tem razão Chico, Monteiro Lobato é eterno. O desafio agora reforça outro já tão antigo, ou seja, preparar os educadores para que ensinem autonomia e postura crítica para nossos pequenos. Conversando com o amigo, refutamos a idéia de censura, pois seria se igualar a um posicionamento minoritario, mas ensinar a criançada a separar o joio do trigo desde a primeira infância, isso seria importante. Pena que na nossa realidade atual, o ensino em si já é extremamente desafiador, imagina então com esse plus a mais. mas sou otimista e acredito que chegaremos lá!

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  9. Enfim, um pouco de sensatez em um debate marcado pelo radicalismo e intransigência. O racismo de Lobato é abominável; sua obra infantil (e seu amor genuíno pelo Brasil, inclusive antecedendo a potência petrolífera que hoje somos) é genial.

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  10. Chico,

    Tenho um irmão de 2 anos de idade e faço o que posso para contribuir em sua formação literária. Confesso que nunca fui muito fã de Monteiro Lobato, talvez por não ter tido a oportunidade de ler suas histórias quando criança. Mas é justo reconhecer sua importância na literatura infantil brasileira, talvez por sua alta capacidade criativa de fazer com que o universo de uma simples fazenda (a exemplo de Sítio do Picapau Amarelo) ambiente uma das fábulas mais clássicas da nossa literatura.

    Acho que as crianças devem, sim, ler Monteiro Lobato, contanto que se crie debates que exponham sua verve racista e exemplifiquem como isso se expõe em sua obra. Deve-se fazer esforços para fomentar a leitura crítica de uma criança desde o começo. Uma coisa boa pode-se extrair disso tudo: seria o caso de haver uma interação mais participativa entre pais e filhos na literatura infantil. Como fazer isso ainda há muito o que se discutir. A única coisa que não dá pra fazer é deixar seus filhos serem afetados pelas vertigens preconceituosas de Lobato.

    Talvez, isso nem mesmo aconteça. Afinal Chico: você leu Monteiro Lobato desde criança. Você é racista por causa disso?

    É questão de orientação!

    Excelente debate. Grande abraço!

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  11. Caro Chico.

    Realmente não creio que seja o caso de travarmos uma batalha com o defunto Lobato. Mas, nosso imaginário infantil, sensivelmente, ganha umas porções a menos de encanto!
    Editar o texto, mudar as palavras... nada disso muda o que foi: racismos ou a figura de um grande escritor.
    Das possibilidades, concordo com a separação entre sujeito e objeto!

    Abraços!

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  12. Chico,

    Concordo contigo. Podemos separar o autor da obra, e quando a obra se misturar com os valores racistas do autor, desconstruí-la com os pequenos. Meu Pequeno adora o Saci, a Cuca, a Emília. Não vejo pq privá-lo de continuar sonhando com estes personagens, embora o autor fosse um racista eugenista.
    Também não vejo na obra situações claras de racismo.
    Ok, a Tia Nastácia é negra, e é a empregada doméstica. Aí temos um viés racista claro. Mas ao mesmo tempo, esta era a conjuntura da época. Ademais, embora não seja grande protagonista das histórias, que eu me lembre, o tratamento dado a Tia Nastácia é de importância e respeito, já que foi ela quem criou a Emília, e é ela quem ajuda a Dona Benta a criar dos netos.
    Fiquei até com vontade de reler os livros, com este olhar adulto e ciente dos valores do autor, pra identificar se existem fortes indícios de racismo nela. Vamos ver se me animo.
    Beijos,
    Renata

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  13. Muito boa a fonte de informacao,principalmente agora que a intolêrancia aumenta cada dia de modo global.Importante é engajamento das autoridades competentes,ministro da cultura e educacao,fazer profuntas avaliacoes,pesquizas,estudos,e encontrar maneiras adquadras,de ter influência mostrando a onde o rassísmo comeca;a maneira subtil e inocente,comecando pelo livro de Monteiro Lobato.Ana Célia da Silva está completamente "CERTA" a obra dele deve servir de estudos.Conhecimentos dar possibilidades, de desenvolver,e concientizar o Respeito e Direitos Humanos.O pior que pode acontecer é a indiferenca,o silêncio.Todos se precisam.

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  14. Monteiro Lobato foi um grande escritor. Graças aos seus livros certamente muitas crianças há tempos atrás tomaram gosto pela leitura.

    Não cabe, hoje, analisar seus defeitos racistas. Até porque, de lá para cá, não existe mais raça branca no Brasil, pois quase todos somos frutos de uma boa mistura.

    Além disso... bem, além disso, hoje as crianças nem lêem mais Monteiro Lobato. O MEC se encarrega de impedir tal descalabro, distribuindo livretos a favor da 'esculhambação'* do nosso idioma.

    Essa preocupação com o racismo de Monteiro Lobato é tão falsa quanto tudo o que essa gente arrota contra os milhares de 'preconceito', palavra que virou modismo no momento.

    * Perdão pelo termo grosseiro, mas é dos que melhor se adaptam.

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  15. Seria interessante ver cartas para o final da vida dele. Havia uma clara mudança de eixo, da origem dos males do Brasil em sua obra, de ser algo devido à miscigenção, para a interferência e espoliação do capital externo - foi taxado de comunista, lá pelas tantas.

    Choca-nos saber do racismo de Lobato pq lemos algo mais sutil em sua obra, nem sempre claro ou definível, que é a capacidade dos adultos presentes no Sítio em, por igual, prover carinho e proteção às crianças, independente da origem social ou aspectos étnicos. Mesmo Tia Nastácia, tão maltratada, é considerada uma das primeiras, senão a primeira, protagonista negra em obra infantil brasileira.

    O mais curioso é que, se bem lembro, em Caçadas de Pedrinho tem uma criança com uma arma de fogo pra cima e pra baixo, e aparentemente tudo bem... :)

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  16. Se Hitler e outras genocidas da história tivessem escrito obras antes de tornarem o que foram, deveriamos recomenda-las a quem quer que fosse, por "enterdermos" que tiveram um papel importante na literatura de seu pais?

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  17. Será que alguma obra racista ou ante-semita é permitida em no Estado de Israel? mesmo que este autor seja um premio Nobel etc,etc.
    Tenho 56 anos, meu Pai(iletrado)nunca permitiu a entrada de ML em casa, nos anos 60.

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  18. Não tem como separar o homem da sua obra. Racista é racista. "Choca" a todos que leram e gostam de alguma obra de ML, mas há uma diferença entre as crianças/adolescentes de hj em formação, não sabiam que ML era Racista!!. Hoje vcs tem esta informação mais do que confirmada, daí, continuar passar ML, aos seus filhos, alunos como nada tivesse acontecido é um crime!! e um dia com certeza, estes vão cobrar de vcs, porque vcs sabiam o que era ML, e mesmo continuaram "vibrar" com sua obra, como não se tivesse mais nenhuma outra referencia.

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  19. O médico discobre que o paciênte tem cancer ou uma doenca contagiosa.Como ele pode fazer um diagnose e usar os métodos certos para curar o paciênte?Ficar calado,renegar,esconder o fato. O que você acha?

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  20. Caro Anônimo, agradeço a leitura e as contribuições. Apenas para reforçar o que escrevi ao final da reflexão: "Condenar com veemência e contundência, sem melindres, o Monteiro Lobato racista, sem deixar de exaltar sua habilidade narrativa e literária, garantindo que, com os devidos alertas e orientações, as crianças possam continuar se deliciando com o brilhantismo sem igual das histórias e dos personagens criados pelo escritor paulista. Esse é o encaminhamento que sugiro". Portanto... E só para não deixar de comentar: penso ser um exagero desmedido, tremendo mesmo, sem cabimento, comparar Monteiro Lobato com Hitler.

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  21. Caro Francisco,meu nome é Paulino, não consegui inserir-lo. Desculpe a colocação, mas não comparei-o a Hitler,de fato, seria demais!O contido numa de suas cartas é reverencia PURA a KU KLUX KLAN(é isto?)é terrível,só de imaginar que M.L queria algo idêntico no Brasil! E o que faziam estes exterminadores de seres humanos! e ainda pregam hj? O que Hitler veio fazer e fez. E seguidores fizeram em Ruanda, Camboja, estão fazendo em Darfur. Felizmente! a literatura infantil nacional e internacional é rica, isto é, temos dezenas de autores ótimos, e "acredito" que não seja necessário "impor" um autor como M.L a crianças, e tendo a preocupação(descontruir, como dizem!) de dizer a elas "olha! leia com atenção, M.L é preconceituoso com os negros, mas é que na sua época era assim, mas esqueçam esta parte, porque vcs vão se deliciar com as histórias...". Se possível, leia e releia com profundidade as cartas contidas na revista Bravo!, depois leia e releia " A Negrinha", perceberá nas linhas desse conto "imaginário" que é o autor se projetando na figura da madrinha. E,sempre pedindo perdão a Deus, que no final toca seu coração.
    Isso que nos chega oficialmente agora (início da 2ª decada do sec XXI!!) a respeito de M.L, a estas crianças de(4 a 7), chegará ultra rápido, a Internet está aí, voce pode dar a explicação que for, mas elas irão buscar mais dados (ainda bem), informes que estarão disponiveis. Acredito que nossas crianças mereçam autores melhores,e compromissados com a vida, bem estar social e dignidade de todos seres humano. E, este com certeza não estava, suas cartas dizem isto.

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  22. Em cada ser humano existe um pequeno Hitler!

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  23. Não tem o que comentar e sim apenas afirmar que o Governo está usando estratégias de Stálin, para desmoralizar valores, desarmar o povo, afirmar direitos e depois tira tudo e assume o controle pleno. Vamos viver uma ditadura pior que há de 1964. Fui alfabetizado com os livros de Monteiro Lobato, meus pais nunca permitiram qualquer tipo de preconceito. Acredito que Etnia Negra possui mais preconceito, do que os próprios Brancos.
    Prof.Rogério Antônio Rosa
    Bento Gonçalves - RS

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  24. Triste pensar que as histórias que embalaram minha infância, e me fizeram viajar inúmeras vezes por um mundo mágico de pirlimpimpim, tenha uma origem triste e tão preconceituosa. Enfim, não acho que suas obras sejam um completo reflexo de suas escolhas. Algumas insinuações, claro, mas nada claramente deixado para as crianças pensarem da mesma forma! A reportagem é interessante e muito boa. Mas não destrói a imagem que temos de seus personagens e histórias magnificas! Infelizmente seu criador tem defeitos, mas, suas obras serão sempre perfeitas!!! Beijos Chico, ler seu blog, me faz lembrar de suas aulas!! Saudades =)

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  25. Monteiro Lobato pensava como a maioria das pessoas de sua época; aliás ainda há muito preconceito racial no Brasil. Lembrem-se de como os negros foram torturados no Brasil e de como foram tratados após a Lei Aurea; eles foram libertos, porém não tinham para onde ir, eram analfabetos e sem perspective nenhuma de vida. Ainda hoje moram em favelas, sem oportunidades de viver com decencia. Nossa história nao é muito diferente da história de outros países que importaram negros. Vivemos numa sociadade pós-colonialista, aonde o negro, o mestico e o ínidio são menosprezados. Não sejam hipócritas. Vejam como tratamos nossas empregadas domésticas! Há delas que só tiram folga uma vez por mês. Não há muito tempo em que elas nem ganhavam o salário mínimo. Será que estamos em condicão de criticar ML. Nós alimentamos uma sociedade racista. Vivemos apontando os erros dos Estados Unidos e esquecemos de como tratamos do nosso próprio povo. Coisa de brasileiro mesmo. Achamos que o mundo inteiro é perverso, mas nós somos maravilhosos.

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  26. Chico Bicudo, já conhecia essa história, de minha parte jamais preservaria a moral desse racista em detrimento da sua obra que tornaram se obsoleta para educação dos meus filhos.

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  27. Pra quem até hoje vive choramingando porque Monteiro Lobato foi contra a Semana de 22. A principal manifestação dele, por meio de um artigo chamado "Paranoia ou mistificação", foi contra Anita Malfati, tem gente que precisa fazer uma pós-graduação em história da arte pra descobrir essa história. Agora, os que acham Lobato um canalha por isso, têm ideia de onde foi trabalhar Anita Malfati, já no final dos anos 20 ou início dos 30? NA EDITORA DE MONTEIRO LOBATO, COMO CAPISTA! Glauber Rocha, bem mais recentemente, fazia esta pergunta interessantíssima: "Por que a Semana de 22 não viu a Coluna Prestes passar"? Não que os inimigos jurados de Lobato porque ele não gostava daquele pessoal da Semana devam se sentir impelidos a pensar sobre isto, mas...

    Sobre Lobato ser um racista militante. Seria interessante os sabichões, tão sabichões a ponto de quererem censurar Lobato, procurarem conhecer a obra desse homem e não se deixarem levar pela boa e velha orelhada. Há, por exemplo, um texto memorável chamado O Saci, em que a figura do negro brasileiro aparece de modo exuberante, na figura do tio Barnabé. Leiam. É um texto, tão surpreendente quanto bem polido, entre muitas outras coisas sobre espiritualidade.

    E sobre a posição política de Lobato. Seria interessante os sabichões procurarem conhecer a última criação do escritor, Zé Brasil, camponês mestiço e destituído de terra, em que está reproduzido, como obra literária, o programa do antigo Partido Comunista para a reforma agrária. Era esse o "reacionário" Monteiro Lobato.

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  28. Perdão, tem mais uma coisinha.
    Seria interessante o pessoal ler também "A chave do tamanho", o melhor livro de Lobato para mim.

    Recentemente eu vi um sujeito do movimento negro, que simplesmente não sabe do que está falando, dizendo que Emília, em sendo a personagem "mais simpática" do Sítio, deveria ser bondosa para com a boa negra Anastácia. Ora, Emília nada tem de "simpática"!
    Pois "A chave do tamanho" está aí pra comprovar isso: a mesma Emília que manda brasa sobre o Visconde, e sobre Anastácia, faz barba e cabela de um Adolf Hitler devidamente reduzido a sua estatura de inseto, e que delícia é ver o pavor do minúsculo Hitler diante da boneca de pano e do sabugo científico.

    Que beleza de militante pela supremacia branca esse Monteiro Lobato me saiu!

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  29. MLobato era um cínico. Sim, daqueles que tem humor negro (oops, desculpem, corrigindo, humor ácido). Pena que este tipo de humor não seja compreendido. Para isso, precisamos ler muito mais do que lemos atualmente. E todo mundo sabe que brasileiro não lê. Por quê? Porque, além do livro ser ainda caro, não chama a atenção. Porque não querem. Porque não gostam. E se eu disser para cortar esse mal pela raiz? Vão me chamar de eugenista também? Nisso é que dá ser visionário num país de tanta mediocridade. Afinal, MLobato não era filho bastardo e mulato? Ou, perdoem-me, afro-descendente? Como você? Como eu? Abaixo a mesquinharia! Raça não existe! Somos todos fruto da "civilização judaico-cristã-ocidental", como dizem os cassetas!!

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