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Foto- www.tribunadabahia.com.br |
O
menino era marrento, decidido. Futebol de craque desde muito cedo – o toque de
classe, o drible curto, o improviso artístico. Tornou-se profissional aos 16
anos, absoluto na equipe que é uma das maiores do mundo em todos os tempos.
Segurou a bronca. Vai prá cima deles. Ele foi. Em quatro anos, conquistou seis
títulos, fez 138 gols pelo clube, foi eleito destaque em vários campeonatos,
marcou o gol mais bonito do planeta em 2011. Representou.
Mas...
Ora
bolas, foi tudo obra do acaso, uma grande coincidência. Sorte. Muita sorte,
coisa de principiante. Porque, de fato, o moleque era um grande produto de
mídia. Puro marketing, invenção da sociedade do espetáculo. Ídolo falso,
fabricado. Mala. Um cai-cai que subvertia as regras do jogo, cavava faltas e
tentava enganar juízes e a torcida. Levanta logo, seu trouxa, babaca, deixa de
simular, não foi nada! Olha, é um perigo, se nada for feito, se ninguém tomar
providência, esse moleque mimado vai virar um monstro. Cuidado! E que cabelo
ridículo! Era um falastrão a praticar o anti-jogo, mais preocupado com os
holofotes televisivos e com as propagandas e os patrocínios do que em jogar
futebol. Até porque, vamos e venhamos, enfrentar essas equipes medíocres e seus
zagueiros cabeçudos e caneludos que existem no Brasil é fácil. Duvido que faria
essas mesmas firulas improdutivas e esses lances ridículos de foquinha em
gramados europeus. Vai ser quebrado, trucidado, com toda a razão. E lá o juiz
não marca qualquer faltinha não. Era um falastrão, baita de um pipoqueiro,
amarelão, sempre sumia em decisões. Foi vaiado no Morumbi, foi vaiado no
Mineirão.
Mas...
Aí
o moleque resolveu seguir o conselho de muitos e foi respirar os ares
futebolísticos da Catalunha. Que baita jogador! Nossa! Sensacional! É craque,
dos melhores que já vi jogar nos últimos tempos. Dá gosto vê-lo em campo. São
poucos. Gênio. Não sentiu a pressão na estreia da Canarinho nas Confederações,
com menos de três minutos já tinha emendado um balaço de direita no ângulo do goleiro.
Uma pintura. Um mestre da bola, tem tudo para ser um dos melhores do mundo em
breve. E aquele sem pulo de canhota no segundo jogo, sem tirar o olho da bola,
a acompanhar a trajetória dela, e a abrir o placar contra adversário casca
grossa? Correu, marcou, roubou bolas, distribuiu chapéus. No fim, sabe-se lá
como, fingiu que ia para a linha de fundo, travou a passada, mudou a rota,
passou no meio de dois e deixou o companheiro na cara do gol para ampliar o
placar. Foi o melhor da partida, sem sombra de dúvidas. Lindo ainda foi o golaço
de falta, no jogo contra quem tem quatro títulos mundiais – batida seca,
calculada, milimétrica, a bola a estufar as redes e a atingir o ângulo de um
dos melhores goleiros do mundo, que só pôde observar. Maravilha! Brilhante!
Viram como a equipe caiu de produção depois que ele foi substituído? É um
craque. E o escanteio na cabeça do Paulinho contra a Celeste? Que perfeição... Na final, um canhotaço (mais um) no ângulo do Casillas e uma deixadinha manhosa para o Fred. Foi eleito o melhor jogador da Copa das Confederações. Escolha justíssima! O Maracanã rendeu-se ao talento do Moleque.
Pois
é. Um craque. Nada como a experiência internacional para fazer nascer um
craque...