domingo, 2 de junho de 2013

MADAME TRESLOUCADA NO TRÂNSITO

Série "Crônicas da Classe Média Paulistana" - 

Essa aqui aconteceu em abril, postei no face. É a mais completa tradução do "classe média paulistana way of life". Foi numa terça-feira, meio da tarde, para escapar do rodízio. No caminho para a universidade, rumo a mais uma jornada noturna, dirigia tranquilamente, ouvindo Bayern x Barcelona (foi o jogo dos 4 x 0 para os alemães), quando passei pela frente de uma escola infantil. Horário de saída. Uma mãe carregada de mochilas (quase não se via o rosto da moçoila) puxava preocupada quatro crianças pelas mãos. Pedia passagem. Motoristas civilizados e educadíssimos fingiam que não era com eles e seguiam em frente. Reduzi a marcha. Parei. Fiz sinal para atravessarem. A mãe agradeceu, as crianças sorriram e agradeceram. Mas a sujeita que vinha atrás de mim - dirigindo uma daquelas máquinas modernosas, super luxuosas, último tipo, nem sei o nome da tranca - resolveu enfiar a mão na buzina. Começou a agitar os braços e a me xingar. Quem me conhece um pouquinho só sabe como adoro esse tipo de situação. Permaneci parado por mais uns trinta segundos, impávido que nem Muhammed Ali, sem tirar do ponto morto, mesmo depois da travessia da família. A senhora da super máquina se descabelava. Esqueceu a mão na buzina. Comecei a andar a dez por hora, bem devagar, carro no meio da pista - e ela desesperada, porque não conseguia passar pela esquerda. Nem pela direita. Jogava o carro, tentava. Nada. Na esquina seguinte, parei novamente. Dei passagem para uma senhora atravessar a rua. A essa altura, a madame do carangão queria pular na minha jugular. Resolveu então escapar por uma travessinha, buzinando ainda mais alto e com metade do corpo para fora da janela, a elogiar todos os meus parentes. Deve ter parado numa farmácia próxima para tomar dose cavalar de calmante. Eu fui dar aula com a alma lavada. Bem leve.

Um comentário:

  1. O mais engraçado é que esse tipo de "Madame" adora parar gigantes SUVs de qq jeito na rua, em fila dupla, e criar o caos no trânsito. Sofria muito quando trabalhava no Itaim e, diariamente, tinha de passar pela rua João Cachoeira. O local é conhecido como Shopping a céu aberto, com dezenas de lojas por sua extensão, e é assiduamente frequentado por essas senhoras. O problema é que não tem lugar para parar, então paravam em fila dupla (as vezes com parte do carro na calçada, atrapalhando o tráfego de pedestres) para colocar as sacolas de compras no porta-malas e causavam um nó trânsito, porém sem o menor pudor. Traumatizante.

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