sexta-feira, 23 de novembro de 2012

MANO CAIU. MINHA APOSTA? TITE

A casa de Mano Menezes caiu  - e a demissão do técnico aconteceu provavelmente no momento mais promissor ou, para quem preferir, menos confuso ou turbulento da curta passagem do treinador pela Seleção. Fato: o trabalho não era, no conjunto, merecedor de elogios. Mano patinou, titubeou, abusou do direito de fazer experiências, convocou jogadores que não teriam lugar numa equipe C do Brasil, colecionou derrotas contra os gigantes do futebol internacional, refugou e preferiu enfrentar esquadrões como Gabão, perdeu vergonhosamente a Copa América e laconicamente a medalha de ouro em Londres.

Noves fora, neste segundo semestre do ano, e novamente não tanto pelos resultados, Mano começou a esboçar finalmente uma equipe, um jeito de a Seleção jogar. A defesa parecia definida - Daniel Alves, Thiago Silva, David Luiz e Marcelo. Trouxe Kaká de volta e montou um bom meio de campo, com Ramirez, Paulinho e Oscar, além do craque do Real Madrid. Na frente, Neymar era unanimidade. Os desnecessários jogos contra a Argentina serviram para anunciar o goleiro - Diego Cavallieri - e o centroavante - Fred. Pronto. A Seleção entraria em 2013, ano de Copa das Confederações, período decisivo de preparação para o Mundial, com um time que, se não é espetacular, poderia se transformar em escrete competitivo, a agradar o torcedor, ainda que sem encher os olhos com futebol arte. 

Eis que Mano, sobrevivente dos fracassos dos títulos continentais e olímpico, quase rifado em tantos outros momentos muito mais atribulados, acabou caindo justamente quando se preparava para, enfim, começar a treinar e afinar a orquestra. Foi vítima da velha e conhecida politicagem da CBF, da intenção (tão falsa quanto uma nota de oito reais) de "construir nova era, de deixar no passado as mazelas do capo Teixeira", dos acordos e conchavos feitos na calada da noite. Talvez tenha servido mesmo apenas para esquentar e guardar lugar.

Com a demissão dele, está aberta a temporada de especulações e apostas sobre o sucessor e aquele que irá de fato comandar a Seleção na Copa que será realizada no Brasil. Não tenho bola de cristal, fontes secretas, contatos com dirigentes da CBF. Mas tomo a liberdade de registrar aqui meu palpite, que é isso mesmo, um palpite, mas que procura sustentação no que conheço e acompanho do mundo futebol.

Apostando: o próximo técnico da Seleção será Tite.

Explico: muito provavelmente, o Corinthians será campeão mundial no final do ano. A sequência do treinador terá sido perfeita: títulos do Brasileiro, da Libertadores e do Mundial de Clubes. Profissional mais que testado e aprovado. Tem a seu favor ainda o fato de ter suportado uma pressão dos infernos e de ter saboreado com o clube paulista o troféu que era verdadeira obsessão da torcida. Sob fortíssimo estresse, respondeu positivamente. Foi campeão invicto. Vale lembrar que, depois da trágica eliminação para o Tolima em 2011, quem bancou Tite no time de Parque São Jorge foi... Andrés Sanchez, atual Diretor de Seleções da CBF, que poderá novamente servir como fiador do ex-companheiro. Com essas credenciais, até mesmo uma derrota considerada normal na final no Japão (placar apertado, jogo brigado, talvez decisão na prorrogação ou nos pênaltis) não representaria tragédia ou impedimento para o convite ao treinador corinthiano. Será que foi aleatoriamente que a CBF jogou para janeiro o anúncio do novo comandante?

Sobre os outros nomes especulados, todos carregam fardos bem mais pesados. Felipão, sempre lembrado por conta da conquista de 2002, saiu bem chamuscado de seu último emprego, e não pode deixar de ser considerado um dos protagonistas do rebaixamento do Palmeiras, quando perdeu o comando do time e não foi capaz de ter ascendência ou liderança sobre boa parte dos jogadores. A cotação dele já esteve melhor. Abel Braga acaba de renovar contrato com o Fluminense, campeão brasileiro, com vaga garantida na Libertadores de 2013. E, se a equipe carioca se recusou a liberar Muricy Ramalho em 2010, quando sequer o título nacional era realidade, por que abriria agora mão de seu comandante, quando há chances fortíssimas não só de boa participação, mas de conquista da taça continental? Seria incoerente. A torcida tricolor cobraria a fatura. Por fim, há Muricy, contra quem pesa o fato de já ter recusado a Seleção em 2010, que vem de derrota acachapante para o Barcelona na final do Mundial do ano passado, quando o que se viu à beira do gramado foi um treinador apático e resignado, sem saber como reagir diante da adversidade, além de ter feito um segundo semestre pífio, ridículo em 2012. Técnico estrangeiro? Sei não... Precisa de muito estofo para segurar a onda e de tempo para cair nas graças dos torcedores.     

O fato inegável é que, com a demissão de Mano, a conquista da Copa do Mundo de 2014 fica ainda mais distante, não só porque há tantas outras seleções em estágios técnicos e táticos bem superiores ao do Brasil (Espanha, Alemanha e Argentina, para citar apenas três), mas também porque o tempo urge. Que o Sobrenatural de Almeida nos proteja.

4 comentários:

  1. Mas Chico... O técnico do Corinthians na eliminação contra o Tolima era o Mano Menezes.

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  2. Com certeza vai ser o Tite... E o esquema CBF-Corinthians-R$ continuará a todo vapor...

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  3. O técnico do Corinthians na eliminação para o Tolima, em fevereiro de 2011, era o Tite. O Mano já estava na Seleção. Chico.

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  4. Chico, foi nessa eliminação que o Andres Sanches bancou o Tite... Com isto, há uma dívida de gratidão que será paga convocando CERTOS jogadores... E assim o esquema continua...

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