terça-feira, 7 de maio de 2013

SOBRE DILMAS, AFIFIS E GOVERNABILIDADES

Fonte - www.dignow.org
Sou de um ingênuo tempo em que política se fazia com o coração e a alma, sonho incontido de transformação, busca coletiva incessante por um mundo mais humano e solidário. Aprendi, sei lá se tolamente, estupidamente, que ideologias são fundamentais para demarcar espaços e estabelecer valores e visões de mundo, a definir agendas, aliados e adversários, que devem ser enfrentados a partir de ideias e argumentos, jamais da força bruta. Pertenço a uma geração que ainda aprendeu que há direita e há esquerda, progressistas e conservadores (às vezes reacionários), que o capital e o trabalho se enfrentam e que a luta de classes move as sociedades. Sempre entendi que era fundamental ter lado - e que as alianças eram construídas a partir de programas, desejos e valores comuns, não por conta da necessidade premente de segundos ou minutos de televisão. Até porque a minha política acontece nas ruas, nas escolas, nas portas de fábricas, nas praças, nos comícios, nas panfletagens, nos protestos, nas greves, nas mobilizações sociais. Minha pueril percepção da política me garantia - e como acreditei nisso! - que um governo de esquerda no Brasil serviria para fazer avançar as lutas dos trabalhadores, enraizar a prática e a cultura dos direitos humanos, distribuir terra para quem dela precisa, garantir saúde e educação pública de qualidades, estabelecer que o desenvolvimento só é possível com preservação dos recursos naturais e do meio ambiente, além de consolidar tolerâncias e diversidades e de repudiar veementemente práticas como machismo, homofobia e racismo. Pois esse meu mundo ideal está cada vez mais distante da realidade cotidiana, da realpolitik que defende governabilidades indecentes e enterra e joga na lata do lixo bandeiras históricas de luta. Meu ex-partido é um coração partido. E as ilusões estão todas perdidas. Triste constatação, Cazuza. Em meio a tantas concessões, sorrisos sórdidos, acordos cínicos, apertos de mãos de conveniência e abjetos convites para ministérios, sinto-me cada vez mais um extra-terrestre. Vou lá preparar meu disco voador e tentar encontrar outros planetas dispostos a me receber. Há espaço para caronas. Alguém quer vir junto? 

4 comentários:

  1. Fica, Chiquilito! o mundo precisa de Jedis! Muito triste a gente ter vontade de fugir da nossa terra, mas estamos amadurecendo sim. A vontade de fugir logo passa e a vontade de lutar logo volta. Na verdade a gente nao para de lutar, a vida e' luta. Mas a gente precisa tomar fôlego e tomar umas geladas. Vamos?

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  2. Filho-de há muito estou discrente deste país.Ainda tentei, no apagar das luzes,dar meu voto à turma que está por aí.Mas,inútil.Penso e muito que país será entregue daqui alguns anos aos meus netos.Que tenham melhor sorte que a geração de vocês.
    com todo o apoio, de seu pai.

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  3. Vou junto.
    Triste ver o Pt(entre tantas outras palhaçadas), colocar como clausula na negociação salarial,que não poderemos reivindicar nada até 2016...
    beijos
    guto bicudo

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