terça-feira, 24 de junho de 2014
24 DE JUNHO - BEIJINHO NO OMBRO DO ZAGUEIRO ITALIANO
Um historieta começou a ser contata à boca pequena hoje em Montevidéu. Discretamente sussurrada, é verdade. Como manda o manual das boas maneiras. Para não desestabilizar o elenco que, depois de estreia desastrada, parece ter entrado nos eixos. Dizem os uruguaios que, na última folga da Celeste, que treina em Sete Lagoas, Minas Gerais, Luis Suárez caiu na balada. Foi na Savassi, bairro nobre e tradicional reduto festeiro de Belo Horizonte, capital mineira. Esbaldou-se. Esbórnia até o sol raiar. Encantou-se por uma canção que “desejava a todas inimigas vida longa. Pra que elas vejam cada dia mais nossa vitória”. Mandava deixar de recalque. O atacante voltou à concentração fissurado por um nome. Valeska Popozuda, Valeska Popozuda, repetia aos companheiros de time, que faziam cara de ponto de interrogação. Ficou tão fascinado pela moça dos longos cabelos loiros que resolveu homenageá-la na partida contra a Itália, em Natal. Decisão da segunda vaga do grupo D do Mundial. Num lance na área, sem que o zagueiro da Azzurra pudesse imaginar, Luisito surpreendeu e partiu decidido para cima do camisa três italiano. Avançou direto na jugular. Mordeu! Mordeu!, gritava Chiellini. Mostrava as marcas da agressão para o árbitro. Sentado no gramado, Suárez massageava os lábios. Tentava explicar. Mordida? Mordida? No, no. Fue um besito em el hombro. Solo besito em el hombro! Si, si, besito. O juiz mexicano, também fã confesso de tiro, porrada e bomba, achou por bem não expulsar o uruguaio. Para desespero dos italianos, que àquela altura já jogavam com um a menos. Marchisio tinha sido expulso aos quinze do segundo tempo, por entrada dura em Arévalos Rios. Amarelo? Vermelho. Discutível. Chuveiro. Evidente que a Copa foi comprada pela Celeste. Esquema Mujica. Operação Comuna-Mercosul. Com um a menos, sol das duas da tarde na capital do Rio Grande do Norte, a Itália abriu o bico. Godin, zagueiro dos gols decisivos, colocou o Uruguai nas oitavas. Crise na Azzurra. Técnico Cesare Prandelli pede demissão. No bairro do Bixiga, em São Paulo, as cantinas não abriram agora à noite. Nada de macarronada da mamma. Vai ser um jogão, né, pai? Promete, filho. Fui buscar o Daniel mais cedo na escola. Para todos os efeitos legais e pedagógicos, ele tinha aula à tarde. Já quase em férias, provas feitas, última semana, pediu para ver Itália x Uruguai. Justo. Mata-mata já na fase de grupos. Luiza veio também correndo do colégio, rádio da perua escolar ligado. Não queria perder lance algum. Expectativas frustradas. Para ser bondoso, o primeiro tempo foi morno. Chato, né, pai? Teve amigo que mandou mensagem admitindo: dormi. Italianos administrando o empate. Pouco interessados. Uruguaios sem potência para chegar ao gol. No segundo, principalmente depois da expulsão de Marchisio, tivemos mais emoção. Empolgou. Entrega e vontade. Mas não exatamente bom futebol. Buffon terminou a partida como centroavante, na área adversária. Mais um campeão – tetra – do mundo que se vai precocemente. Arriverdeci. “Sooooooooooy Celeste! O fantasma ainda vaga por aí. Sábado, pegam a Colômbia no Maracanã. Maracanazo às avessas? Porque o time de camisas amarelas e calções brancos que goleou o Japão parecia o Brasil dos velhos tempos. Que futebol bonito! Que camisa 10 vistoso, habilidoso. Três vitórias. Nove pontos. Nove gols marcados. Primeiro lugar do grupo C. Com folga. Sobrando. Vou procurar a narração da partida de hoje em alguma rádio colombiana. Essa tem sido outra de minhas diversões nessa Copa da América Latina de sangue e suor. Me deliciar com as vozes e sotaques de argentinos, uruguaios, chilenos e outros hermanos narrando os tentos de suas seleções. Catarses, explosões de metáforas, gritos épicos, odes a feitos heroicos, elogios, fígados desopilados. Festival de palavrões. Despudoradamente. Saborosamente. Narradores-torcedores. De arrepiar. Recomendo. Foi de deixar quase sem fôlego também a decisão da segunda vaga do grupo C. Vi na Arena Sala dos Professores da universidade. Vamos jantar, Chico. Só no intervalo do jogo. Os deuses gregos deram o ar da graça. Entraram em campo. Porque só mesmo com empurrãozinho de Zeus e companhia para a Grécia, time humanamente limitadíssimo, alcançar as oitavas. Pois o Olimpo se fez presente no Castelão, em Fortaleza. Com todos os requintes de crueldade de um drama de Copa do Mundo. Tragédia grega. Foi de pênalti. Invenção divina? Aos 48 do segundo tempo. Para cravar lanças nos corações dos aguerridos marfinenses. Já se preparavam para o embate contra a outra Costa. No domingo, Recife vai mesmo ver é Costa Rica x Grécia. Os chicos têm grandes chances de fazer ainda mais história. E de beliscar vaga nas quartas. Sensacional. Vai, santástica Costa Rica! Sarney desistiu da reeleição ao Senado. Imagina depois da Copa! A prefeitura de São Paulo agilizou operação de emergência para dar conta da multidão que invade a Vila Madalena durante e depois dos jogos. Banheiros químicos. Efetivo policial. Azaração. Ambulantes. Telões. Imagina depois da Copa! Não espalhem, é segredo. Luisito Suárez já confidenciou aos mais íntimos que, se for excluído da Copa pela dona FIFA, punido pelo besito, vai desembarcar de mala e cuia na Vila Madá. Quer muito conhecer a boemia do bairro. Besitos en el hombro. Beijinho no ombrrrro. Com sotaque bem paulistano.
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