O texto abaixo foi publicado no site de "O Globo" nesta quarta-feira, 19 de janeiro, às 17h35 (clique aqui para acessar o original). Foi a maneira que o jornal encontrou para "explicar" as bobagens escritas sobre o cachorrinho Caramelo - que, como já se sabe, não era Caramelo, era John. O texto é um escárnio, desrespeitoso com os leitores e com todos os que sofreram e ainda sofrem com a tragédia no Rio de Janeiro. Chega a ser ofensivo. Será que é tão difícil assim dizer "erramos, exageramos, abusamos, espetacularizamos" e pedir desculpas, com todas as letras, com sobriedade e honestidade? Pois é... Humildade? Parece não fazer parte do vocabulário do jornal. Sobrou arrogância. Ou será que eu é que estou exagerando?
-------------
A verdadeira história do cachorro Caramelo, resgatado em cima de escombros na Região Serrana
RIO - "Antes de mais nada, eu queria esclarecer: aquele cachorro da foto, ao lado de uma cova, no cemitério, não sou eu. Na verdade, fiquei três dias rondando em cima dos escombros da minha casa depois que a chuva levou tudo o que tinha pela frente. Só me tiraram à força, na sexta-feira passada, para me levar para um galpão. Lá, fiquei por pouco tempo. Logo, fui parar na casa de uma nova dona, na Barra da Tijuca. Estranhei e fugi. Ontem, umas pessoas me pegaram no estacionamento de um shopping e me levaram de novo para a nova dona. Agora, estou mais calmo. Se vou me adaptar? O futuro dirá".
Se cachorro falasse e desse entrevista coletiva, possivelmente essas seriam algumas das frases proferidas por Caramelo em seu primeiro pronunciamento após a tragédia que atingiu a Região Serrana do Rio. Como só late e não tem assessor de imprensa, o cão virou, sem querer, uma celebridade.
- Já me ligaram da Noruega, da Suiça, da Argentina e da Inglaterra para saber notícias do cão - conta a voluntária Bebete, da ONG Estimação, uma das responsáveis pelo resgate do animal em cima dos escombros da casa onde ele vivia, no bairro Caleme, em Teresópolis.
O coordenador da Comissão Especial de Proteção Animal, Fabiano Jacob, que também participou do resgate do cão, na sexta-feira, disse que ficou sensibilizado com a história de Caramelo. Moradores fizeram um apelo para retirá-lo de cima dos escombros onde estava há três dias. E acabaram exagerando.
- Ele estava muito agressivo, não queria sair mesmo. Tivemos que usar uma focinheira para evitar que ele mordesse alguém. Lá no local, falaram que, antes de passar dias em cima dos escombros, o Caramelo tinha ido ao cemitério onde a dona foi enterrada. Como foi expulso de lá, teria voltado para cima dos escombros - afirmou Jacob.
A informação vaga de moradores sobre a suposta ida ao cemitério casada com uma foto de um sósia de Caramelo ao lado de uma cova fez com que o cão ganhasse a fama que nem pediu. A imagem foi captada no último sábado, quando, segundo Bebete, da ONG Estimação, Caramelo já estava abrigado num galpão. Nesta segunda-feira, o jornal "O Diário de Teresópolis" entrevistou não o sósia de Caramelo - ele também só late -, mas o coveiro Rodolfo Júnior, que disse que o cão da foto era o seu bicho de estimação, chamado de Leão.
Se falasse e desse entrevista coletiva, possivelmente Caramelo pediria para que a imprensa não o procurasse mais. Afinal, ele já tem uma nova dona. Bebete, que o resgatou, lembra que há centenas de animais abandonados na Região Serrana neste momento. A principal dificuldade é encontrar mais um local para abrigo já que o galpão utilizado atualmente está lotado. O ideal é que os animais consigam adoção.
Maurício Stycer escreveu hoje que se o cachorrinho dele falasse, faria uma entrevista. É o escárnio completo o que o Globo fez.
ResponderExcluirAcho que se o Caramelo falasse, ele processaria o Globo depois de ler esse artigo.
ResponderExcluirE assim segue a odisseia do jornal impresso dos Marinho: fantasiando a realidade como se fosse uma mini-série global.
Abs!