sábado, 27 de junho de 2015

DA ALEMANHA AO PARAGUAI, O VOLUME MORTO É LOGO ALI

Fico em silêncio e tento cortar as cabeças dos monstros purulentos que nascem nas minhas vísceras, para não escrever impropérios. Mas meu amigão imaginário do peito, Boleiro Bom de Papo, ombro camarada a suportar minhas lamúrias futebolísticas, sujeito que conhece do riscado, não pára de buzinar aqui na minha orelha. Inconformado, grita e gesticula, bate os pés, soca uma mão na outra, insistindo que o problema não é a geração. Não é, Chico, não é. Temos jogadores bem bons, garante, titulares de times de ponta na Europa. Temos um craque. Pode não ser 70, anos-luz disso. Mas não é 1990. Não é draga. Dá para fazer um bom churrasco com as picanhas que temos. Agora olhe para o nosso banco, para a área técnica. Olhe bem para o churrasqueiro, meu caro Chico, o camarada convida. Consegues notar as orelhas compridas do nosso pequeno anão mudo? Catzo, pode ser bacana na historinha da Branca de Neve, mas nunca para dirigir a Amarelinha. Ouça, ouça... são esbrufos ultrapassados, medrosos, covardes, patéticos. Quase relinchos, ele deixa escapar. Volte lá o filme da peleja, emenda. Como é que pode a bola passar mais pelos pés dos laterais que dos peladeiros do meio? Como aceitar dois volantes estáticos, que recebem ordens expressas de não atravessar a linha divisória do campo, empenhados apenas em correr atrás dos adversários e desarmar? Como concordar com dois meias que ignoram o ofício e escorregam para as laterais, para ajudar a combater os alas da outra equipe? Como não urrar de ódio boleiro quando a Seleção, substituições estapafúrdias, termina uma partida contra a Venezuela com quatro zagueiros, dois laterais e dois volantes em campo? Como não ter saída de bola e alternativa de jogo quando o outro time sobe a marcação e toma conta do nosso campo? Como passar mais de noventa minutos tendo chutado duas vezes a gol? Como ousa tirar o cara experiente do time aos 40 do segundo tempo e escalar o reserva que tinha acabado de entrar para bater pênalti? O Boleiro Bom de Papo espuma de raiva, tem quase convulsões, se contorce, horrorizado com o que estão fazendo com a Canarinho. Ele suplica: Nelson, nos acuda, estão enterrando a história do nosso escrete. Será que vamos voltar a chupar um chicabom? Faltam alma, paixão, tesão. E crava: não dá mais para tolerar as explicações arrogantes e desconectadas da realidade em entrevistas coletivas do comandante de uma nau à deriva, a nos castigar com o 'estamos no caminho certo, o trabalho está sendo bem feito, os outros times evoluíram, uma virose atingiu nosso time'. Antes das penalidades, meu bom amigo imaginário, talvez ajudado pelo Sobrenatural de Almeida, a quem muito admira, já tinha invadido essa minha página para lançar o #vazadunga. A hashtag serve para destravar um tiquinho a garganta. É só, no entanto, desabafo virtual de alerta. Boleiro é o último dos românticos. Dunga fica, meu amigo. É a cara dessa mentalidade tacanha e nefasta que domina a Confederação Brasileira de Falcatruas. Dunga é O cara da CBF. É tudo o que consigo dizer. Com a nesga de elegância que me resta. Sem apelar para os palavrões.  

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