domingo, 14 de setembro de 2014

FUTEPINHA

Daniel passou três dias num acampamento com a escola, perto de Campos do Jordão. Na véspera, era só alegria e empolgação. Folgado que só ele, ajudou até a arrumar a mala, preocupadíssimo em levar as trocentas camisas de times de futebol. O resto era absolutamente supérfluo, desnecessário. Fizemos, claro, e várias vezes, todas aquelas recomendações chatas e cansativas que todos os pais fazem, desde os tempos das cavernas - agasalhe-se, coma direitinho, não esqueça das frutas, cuidado com as brincadeiras em piscinas e lagos, nada de empurrar amigos ou de pular no raso, terminando com o efusivo 'divirta-se, aproveite muito'. E aquele aperto no coração quando o ônibus partiu, a garotada pulando, batucando e acenando. Tempo curto, só 60 horas sem o moleque por perto, mas bateu saudade danada, que tentava resolver procurando fotos das aventuras no site do acampamento. Encontramos bem poucas - uma no lanche, outra numa brincadeira com corda e algumas em que o maluco aparecia com lama do dedinho do pé até a raiz do último fio de cabelo, depois de atravessar a famosa e temida Trilha do Barroso. E só. Ainda comentei em casa - acho que o Dani foge do fotógrafo. Quando ele chegou, Elisa Marconi não perdeu tempo em aplicar a também tradicional sabatina de checagem.
- Filho, você não foi na piscina?
- Fui, mãe, mas só uma vez.
- Por quê?
- Estava jogando bola.
- E na tirolesa?
- Preferi ficar jogando bola.
- Teve charrete também, né?
- Teve. Mas eu estava jogando bola.
- Poxa, mas você passou três dias jogando bola?
- É... Quase. Porque teve uma hora que os monitores tiraram a bola da gente.
- Ah...
- Mas aí a gente jogou futepinha!
- Como?
- É futebol com a pinha, aquela fruta!
E ninguém teve ideia de tirar foto do sensacional clássico de futepinha.

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