quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

DEZ DIAS EM SALVADOR

Dois minutos. O tempo de atravessar o calçadão para chegar ao Farol da Barra. E o turistão paulistano - tem como negar? - recebeu as boas-vindas da terra boa. Pegue essa fita, meu amigo. Coração está limpo. Já senti que é sangue bom. Faça três pedidos. Estiquei o braço direito. O outro, meu rei. Dá mais sorte. Aqui ninguém é sequestrador. No pulso esquerdo, apareceu rapidinho uma fitinha do senhor do bonfim. Verde amarelada. Ou amarela esverdeada. Tanto faz. Quem é ateu e vê milagres como eu. Lui ganha uma laranja. Iansã, minha rainha. A do Dani é azul. Iemanjá para o menino. E é tudo de graça, para chegar bem, viu? Agradecemos. Mas vão aproveitar para levar o colarzinho do berimbau, não? Combina certinho com ele. Hoje não, muito obrigado. Mas é para ajudar o Marcão, rei. A gente vive do dia. Hoje não vai dar mesmo. Mas a gente volta. Oxi, rei, não tranque seu coração... agradecemos mais uma vez. Marcão fica arretado. Mais dois passos e meio. Novas oferendas. E então, minha patroa, vai levar a lembrança de Salvador? Para o pai e para o filho. E olhe que esse menino é ator famoso de Malhação. Estou reconhecendo. Daniel riu. O mimo era a chapeleta do Olodum. Obrigado, hoje não. A gente volta (Elisa Marconi garante que essa fala estratégica é boa... será? Sei não). Vá lá, então só para a foto. Boa. Fotos e risadas. Cá estamos, Salvador.

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Às margens do Porto da Barra os termômetros marcam 32 graus, diria Reali Júnior. As moças bonitas televisivas da previsão do tempo acrescentariam - a sensação térmica é de quarenta. A percepção calorística do Chico, sempre aguçada e bem mais precisa, identifica que estamos quase alcançando o ponto de derretimento. Não tem sangue nem lágrimas, mas o suor é em abundância. Está quente, mas tão quente, que até eu estou tomando água (e não só coca-cola). Elisa Marconi, que conhece os macetes e códigos de sobrevivência da capital baiana, tentou ensinar aos meninos técnica quase infalível para tomar sorvete em Salvador. Três mordidas grandes, vorazes, rapidinho. Sem delongas. Demorou. Já foi. Viu só? Virou suco de limão. Leseira. Malemolência. Paciência. Num simpático restaurante à beira-mar, por do sol de dar inveja aos deuses gregos, Daniel resolveu se esbaldar com bolinhos de bacalhau. Anotado. Dez minutos. O suco acabou. A fome aumentou. Vinte minutos. Caramba, mãe, vai demorar muito? Minha barriga está roncando pra caramba. Meia hora. Meu rei, e nosso pedido? O garçom, sem se abalar, garante que já está saindo. A tromba do moleque está enorme. Resmungos e caretas. Palavras incompreensíveis. Dialeto do faminto desesperado. Tenho até medo de querer entender. Melhor não. Já deu mesmo. Que porra de demora é essa? Daniel, aqui é mais devagar mesmo, calma, estamos em férias, sossegue, sentencia Luiza. Eu sei. Tudo bem. Mas vou morrer de fome, dramatiza o irmão. Cinquenta minutos. Enfim, os bolinhos. Graças a deus, deixa escapar o moleque, suor escorrendo pelo rosto, erguendo as mãos aos céus. Alguém quer mais alguma coisa? Melhor pedir agora.

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Balanço geral das ondas e de aventuras durante quase uma hora no mar de Salvador com Luiza e Daniel - 741 quedas, 375 caldos, 122 cambalhotas, 343 rolamentos, 888 jacarés, 670 'caraca, véi', 232 'pai, olha a onda que está vindo', 356 'pai, olha o mergulho', 715 quilos de areia nas orelhas, 498 litros d'água quase engolidos (uns 211 foram engolidos mesmo) e 149 barrigadas. Risadas tendendo ao infinito.

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Ler com o vento batendo no rosto, ouvindo as ondas estourando nas pedras do farol. Madrugada adentro. Até cair no sono. Acordar sem alarme. Espreguiçar. De novo. Sem pressa. Tomar café sem ser controlado pelo relógio-rei de parede da cozinha. Descobrir piscinas de águas quentes na praia. Quando pagamos as cervejas, o rapaz da barraca, aflito, percebeu que tinha ficado sem os dinheiros miúdos. Você vai conseguir outros rapidinho, animou Elisa Marconi. Com a graça de nosso senhor Jesus Cristo, respondeu o simpático jovem. Crenças. Deuses. Profetas. Fanatismos. Os cartunistas franceses brutalmente assassinados. O terror. O horror. Será a humanidade um projeto falido, Saramago? Orixás no Dique. Arena Fonte Nova. Ba-Vi. A elegância sutil de Bobô. Quase o milésimo de Pelé. Memórias de uma Copa no Brasil. Reconstruo, frame a frame, a cena do gol mais bonito de 2014. Pura Física artística. O lateral holandês não precisou calcular aceleração, velocidade, atrito. Instinto. Inspiração. Improviso. A bola viajou lindamente uns bons trinta metros, para encontrar a cabeça de Van Persie, bem na linha imaginária que divide a testa do cucuruto. Enquanto a pelota morria no ângulo, o atacante planava no gramado. Sincronia. Sem cálculos. Fúria humilhada na estreia. Pura arte. Barata asquerosa que pousa no vidro do carro na volta para casa, já noite. As entranhas do inseto nojento visíveis, escancaradas. Repulsa. A podridão fétida do ser humano estampada nos estampidos dos tiros que silenciaram a redação. Cartunistas franceses brutalmente assassinados. O terror. O horror. Estupendo arco-íris cortou o céu de Salvador no final de tarde. Presente da natureza. Pote de ouro no fim dele? Melhor seria se lá encontrássemos um pouco mais de tolerância.

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Conheço Luiza de outros carnavais baianos. Deve ter ficado pensando, procurando, matutando, pesquisando. Na praia, soltou:
- Pessoal, já sei qual a faculdade que quero fazer!
Três segundos de espera ansiosa.
- Relações Internacionais. E depois vou querer emprego em alguma ONG que trabalhe com crianças.
Pai e mãe, ouro de mina, ficaram devidamente inchados.


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A chuva arretada que caiu o dia todo nem nos deixa ver a ilha (a de Itaparica, para não deixar dúvidas, embora, afetivamente, a ilha será para mim sempre Cuba). Dirigir em Salvador não é para principiantes. Atenção, motoristas não nativos, aqui não há esquerda, direita ou centro. Podem chamar de trânsito Gilberto Kassab. Pós-moderno. Quem resolve sair da primeira faixa para chegar à quarta o faz tranquilamente, sem dar seta nem sequer colocar a mãozinha para fora e pedir passagem, como em tempos antigos. Os carros arriscam-se num balé em zigue-zague, tirando finas uns dos outros, espelhinho retrovisor passando a centímetros, quase beijando latarias. Brecar com distância segura é luxo. Parar em fila dupla é tão comum quanto comprar fitinha do bonfim no Pelourinho, cartão postal da terra. Não se assuste com filas triplas, meu rei. Com chuva de dar inveja ao Cantareira, então, minha impressão é que até Ayrton Senna acharia arriscado pilotar pela orla ou na Antonio Carlos Magalhães. Sim, pedestre tem sempre a preferência, estão multando afoito e apressado motorista que desrespeita a regra. Mas... rua movimentada no Rio Vermelho. Nega, tem muito carro, não vão parar, não vai dar, ferrou, freada brusca, segue em frente, não vai dar mesmo, chacoalha as mãos, leva buzinada, outro que trava de repente, um xingo, uma moto, até que, irritadíssimo, indignado e ferido na alma, levanta bruscamente o braço, espalma a mão esquerda e berra 'Ooouuuu!', numa ordem convicta, assertiva, tal qual Moises separando as águas do mar. Só faltou o cajado. Milagre. É obedecido. Ainda bem. Todos parados mesmo. Avô e neto, mãos dadas, sem apressar o passo, chegam sãos e salvos ao outro lado da rua. Tudo certo. Obrigado pela preocupação solidária. Consigo finalmente respirar, aliviado. Destravo os dentes. Aproveito para atravessar também. Pai, deu medo. Sem praia, buscamos refúgio na Livraria Cultura. Para não perder o costume. Na onda das letras, passamos na volta pela Faculdade de Jornalismo da Federal da Bahia. Fica no topo de uma ladeira. Corre a lenda que, nos anos 1970 (ou 80, pouco importa), aluno mais inquieto e aventureiro resolveu testar se era mesmo verdade que o mundo se acaba num barranco. Vai ver essa era a pauta do dia. Cumprida com determinação. O sujeito ultrapassou os muros do prédio. Queda de uns dez metros. Estatelou-se na rua. Pelo que soube, alguns arranhões, nada mais grave. O feito heroico rendeu ao rapaz a alcunha de Agostinho Voador. Com muita justiça. Acreditem - quatro dias em Salvador e ainda não ouvi a sofrência do tal Pablo.

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Alagoinhas, 33. A Casa do Rio Vermelho. Jorge Amado e Zelia Gattai nos aguardavam, braços abertos, no topo da escada. Abraços apertados, cheiros, axés e dois beijos estalados em cada um, como manda a boa tradição baiana. 'Que bom que vieram. Fiquem à vontade. A casa é de vocês. Sim, vejam, sugerimos que comecem pelo jardim. É nosso xodó. Belíssimo'. E quem há de recusar conselho de tão ilustres e queridos anfitriões? Andar por aquelas trilhas e sombras é como caminhar por uma dimensão onde só há paz e sossego. Plenitude. Vida. Reverência. Se o paraíso existe, deve ser muito parecido com aquele jardim. No éden de Jorge e Zelia, há santos e orixás, igrejas e terreiros, anjos e entidades. Sincretismo. Adorada e respeitada cultura negra. Jorge era filho de Oxóssi. Ah, minha mãe, minha mãe Menininha. Os camisões coloridos de Jorge. As batas brancas de Zelia. Cartas. Muitas. Escritas por Monteiro Lobato, Carlos Drummond de Andrade... numa delas, Oscar Niemeyer pede que Jorge assine um texto-manifesto que exigia a volta das eleições diretas para presidente da República. Março de 1984. O comunista Jorge, deputado constituinte em 1946, sonhos sempre de liberdade, que abriu as linhas e páginas de seus livros para os pobres e desvalidos do Nordeste brasileiro. Dignidade. E também para os coroneis, pistoleiros e jagunços. Luta de classes. Letras e lutas. O cavaleiro da esperança. 'Não possuímos direito maior e mais inalienável do que o direito ao sonho. O único que nenhum ditador pode reduzir ou exterminar'. A libertária Zelia, filha porreta de imigrantes italianos, não se deixou calar nem mesmo pelos horrores do Estado Novo getulista. Mulher de fibra que também lutou pelo bom, pelo justo e pelo melhor do mundo. Anarquistas graças a deus. Que tal se servir na cozinha dela? Para quem aprecia as especialidades da terra boa, o cardápio é um deleite. Vatapá? Acarajé? Caruru? Punheta (também conhecido como bolinho de estudante)? Que tal moqueca? Porção de camarão? É só escolher. No salão onde escrevia Jorge, peço tempo ao amigo tempo. Fecho os olhos. Consigo ver os dedos trabalhando freneticamente e escutar o tac, tac-tac, tac-tac-tac... tac-tac da máquina de escrever. Jorge criava seus personagens e histórias normalmente pela manhã, entre oito e meio-dia. Chegava a datilografar trinta páginas nessas quatro horas. Capitães de Areia. Jubiabá. Tereza Batista. Dona Flor. Consigo ouvi-lo sussurrar: 'Chico, uma história se conta, não se explica'. Para buscar inspiração, uma rede, quem sabe. Malemolência criativa. Talvez andasse calado e pensativo pela imponente biblioteca, em círculos, a mirar a Lagoa dos Sapos, na praça Zelia Gattai, outro recanto especial e aconchegante da Casa do Rio Vermelho. Zelia era a primeira e zelosa leitora das obras do marido, a fazer elogios e encaminhar correções. Ternura e camaradagem. Viveram 54 anos juntos. Generosamente, compartilham um tanto dessas memórias conosco. Aberto à visitação pública em novembro do ano passado, o casarão é parada obrigatória para quem passa por Salvador. 'Demorou, mas conseguimos. Era um sonho de minha avó. Muita gente tem nos visitado. Muito grato por terem vindo', nos abraça (de fato) Jorge Neto, na saída. Ao olhar para trás, já na rua, ainda conseguimos ver Jorge e Zelia. Estão abraçados. Acenam e sorriem. 'Voltem sempre. A casa é de vocês'.

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Luiza e Daniel equipados com óculos, máscara de mergulho e snorkel para combater a síndrome de abstinência de mar. Já durava 48 horas. O sol voltou com vontade. Água cristalina. Sem ondas. Porto da Barra. 'Pai, dá para ver muitos peixes. Quase pegamos um grande, cinza. Escorregou. Passou um machucado, cortado. Tem muita bituca de cigarro no fundo. E tampinhas de garrafa'. Com os miolos fervendo, tramaram planos internacionais. Luiza tomou a frente e foi porta-voz do plano mirabolante do Cebolinha. 'Pai, mãe, vejam se vocês topam... vamos pesquisar preços e começar a guardar dinheiro para ajudar na viagem que queremos fazer para Madrid e Barcelona'. Aprovado. Por favor, nos forneçam relatórios mensais sobre as economias. Até a senhora da barraca ao lado adorou a ideia. Na Praça Castro Alves, aquela que é do povo como o ceu é do avião, ao passar pela estátua do poeta romântico que cantou os horrores dos porões dos navios negreiros, Daniel não se conteve. 'Nossa, parece muito com o cara dos Miseráveis, o Jean Valjean'. Será? Achei não. Massa. No Terreiro de Jesus, cercada de igrejas e orixás por todos os lados, Elisa Marconi abriu os braços. 'Aqui é minha casa'. Ladeiras do Pelourinho. 'O largo onde os escravos eram castigados e hoje um batuque, um batuque com a pureza de meninos uniformizados'. Uma aposta - tente ficar parado e indiferente aos ritmos tribais dos tambores do Olodum. Já perdeu. O som primeiro estourou forte no peito. Começou batendo o pé, discretamente, para ninguém ver. O braço direito teimou em serpentear. O esquerdo veio junto. Chacoalhando a cabeça, para cima, para baixo, de um lado para outro, rodando. Cintura e joelhos. Quando se deu conta, já seguia a coreografia, mesmo desengonçado. Sem ginga. E quem se importa? O Olodum te fez pirar de vez. Na história desse país, a única criatura que resistiu às batidas ritmadas do Olodum foi Luiza. Era um bebê de dois meses. Vestia um macacão de alcinha, escudo do Santos no peito. Dormia profundamente no aconchego do colo da mãe, num dos largos do Pelô, quando lá veio o Olodum subindo a ladeira, batuque frenético e alucinante. Elisa dançou, baianidade nagô. Eu tentei dançar, movimentos urbanoides. Brindamos com cerveja. Cantamos. Luiza? Nem se mexeu. Tambores de cantiga de ninar. Mama África. Hoje, naquelas ruas de pedra onde faço força para não perder o equilíbrio, um senhor com uns 60 anos, camisa metade Baêa, metade Brasil inventava passos e sequências e fazia malabarismos de dança ao som dos tambores. Com chinelos havaianas. Daniel ficou estrequinado com o sobrado onde Michael Jackson gravou o clipe de 'They don't care about us'. Queria porque queria tirar foto na sacada. Era preciso pagar. Sem chances. Agora é também preciso pagar para visitar as igrejas de São Francisco e do Rosário dos Pretos. Fé também tem seu preço. Numa lanchonete na entrada do Pelourinho, uma faixa desbotada ainda convidava: 'venha torcer pela Seleção e comemorar o hexa'. Gol da Alemanha. Sentado na praia, de repente recebi um jato d`água. Massa, meu rei. Assustei. Pulei da cadeira. Era o barraqueiro com dois regadores gigantes, a limpar e refrescar nossos pés. Agradeci, constrangido, incomodado. Para quê? O mar é logo ali. 'Obrigado, está tudo bem, não precisa'. Fiquei observando. Molhou os pés de todos os fregueses dele, cadeira por cadeira, barraca por barraca. Tudo muito natural. Normal. O século XVIII é aqui. Escravidão. Servidão. No Largo do Campo Grande, um muro gritava: 'parem o genocídio da juventude negra'. O Haiti é aqui.

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Gente correndo para lá, gente correndo para cá. Corpo. Celulares na cintura e fones nos ouvidos. Sons. Alguns apenas caminham, às vezes parando para esticar braços e pernas suados e alongar. Quem anda sem compromisso protege a cachola do sol já de quase trinta. Daqui de cima, vê-se uma dança de chapéus andantes. Sombras. Refresco. Fotos. Muitas. Selfies. Vários. Skates, bicicletas e patins começam a surgir no calçadão da Barra. O mar, que nasce azul lá no infinito, fica verde no meio do caminho, para desembarcar cristalino nas pedras do farol. As ondas estão calmas, preguiçosas. Um barco corta a linha do horizonte, em direção ao Porto. Apoiado nas pedras, um senhor tenta pescar. Vara e isca. Com esse barulho todo? Aula de hidroginástica na piscina do clube ao lado. Vendedores de fitinhas, colares, chapeletas e outras lembranças da terra já estão a postos, a convencer turistas que se aproximam. Bom dia, três pedidos. Lábia. Pontos de ônibus cheios. Expressões atentas, apressadas. Terça de trabalho. Um carro passa acelerando e fazendo barulho infernal. São Paulo? Viatura da polícia parada na esquina. Venta bastante. Da janela do décimo andar, vejo Salvador acordar. A caravana Bicudo Marconi desembarca hoje em Arembepe.

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Terça-feira, 13. Dia especial. Arembepe. Pousada A Capela, deliciosamente aconchegante e simpática. Amigos mui queridos da aurora da minha infância. Cerveja gelada. Conversas daquelas de entrar pela madrugada. Uma praia de fazer esfregar os olhos para realizar que é verdade, é isso mesmo, ela existe. As crianças se esbaldando em esbórnias aquáticas, sem prestar atenção nas horas. E tome borrifadas de protetor solar. Resmungos. Muita água mineral. Luiza foi postando fotos no instagram, narrando nossa aventura arembepiana. No final da tarde, já um tanto nostálgicos, ela, eu eElisa Marconi falávamos sobre a dureza de voltar em breve à rotina de São Paulo. Férias chegando ao fim. De repente, Lui ficou mudinha da silva. Arregalou os olhos. Começou a mexer alucinadamente na tela do celular. Quando a voz voltou, só fazia comemorar, cheia de surpresa e alegria. 'Não acredito, não acredito. O Chico está aqui'. Sim, cá estou, pensei em brincar. Não deu tempo. 'Ele é meu amigo do Oswald (colégio), está no sexto ano. Viu a minha foto no instagram e curtiu. Perguntou se era mesmo a pousada A Capela. E disse que também está aqui. Olha isso. O Chico...'. Uma moça que por acaso passava por perto ouviu a falação e anunciou. 'Sim, o Chico é meu filho. E estuda no Oswald'. Era a dona da pousada. Claudia. 'Olha lá, ele acabou de passar para aqueles lados'. Luiza saiu correndo. Quando fomos ver, já estava animadamente conversando com o amigo na piscina. Redes. Não só sociais.

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Sussurro tristonho ouvido a cada cinco minutos por aqui: 'pai, mãe, a gente não quer voltar para São Paulo'.




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